Autor(a): Ana Paula Maia
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 134
Resenha por: Viviane
Avaliação: 4/5
Compre: Americanas / Editora
*Livro cedido pela editora para resenha
Sinopse: A profissão de removedor de animais mortos não é para qualquer um. Apenas alguém como Edgar Wilson, o herói deste desolador romance kafkiano, poderia se prestar à tarefa de recolher das estradas as carcaças que obstruem o caminho dos veículos.
Acompanhado do colega Tomás, um padre excomungado, Edgar tem seu cotidiano abalado quando encontra o corpo de uma mulher enforcada.
Na tentativa de devolver o mundo o curso da normalidade - palavra fugidia no universo construído magistralmente por Ana Paula Maia -, os dois conhecerão o destino de seus semelhantes numa realidade em que o animal muitas vezes tem melhor sorte do que o homem.
Resenha: No livro "Enterre seus mortos", aparentemente, vamos conhecer a rotina diária de trabalho de Edgar Wilson e Tomás, funcionários de um órgão responsável por remover cadáveres de animais mortos do meio ou da beirada das rodovias de algum lugar que eu não sei precisar onde é, mas sei que é próximo de uma pedreira que, por causa de suas extrações, realiza explosões três vezes ao dia em horários já determinados.
O emprego dos personagens funciona mais ou menos assim: alguém liga avisando de um animal morto e quem estiver mais próximo faz a remoção, os cadáveres são levados para um depósito, triturados e incinerados, servindo posteriormente de adubo.
Edgar é um homem solitário que faz todas as refeições no local de trabalho e Tomás é um ex padre excomungado, mas que ainda é respeitado na região em que vive; sempre que possível ele realiza a extrema unção de humanos ou mesmo animais agonizantes após os acidentes.
Para realizar seu trabalho, Edgar, além de esperar os chamados, orienta-se também pelos abutres, pássaros que se alimentam de cadáveres já em decomposição, então sempre que está parado, à espera de um chamado, Edgar observa a revoada destes animais. Certo dia, parado na beira da rodovia, ele vê um movimento característico destes pássaros dentro de um matagal e vai até lá na intenção de remover o animal morto, mas, para sua surpresa, trata-se do corpo de uma mulher, enforcada, pendurada no alto de uma árvore.
Após ligar para as autoridades responsáveis, o homem fica sabendo que somente no dia seguinte é que terão veículos para irem até o local, porém como os abutres já estão comendo a jovem mulher, ele decide levá-la e armazená-la adequadamente no depósito de animais. Edgar a coloca em um freezer para aguardar a remoção. Quando os responsáveis vão até o depósito, pedem que fique com ela mais um tempo, pois ninguém deu queixa de uma mulher desaparecida e eles não têm como levá-la para o IML.
Não demora muito e outro corpo é encontrado, desta vez um homem, que tem o mesmo destino da mulher: o freezer.
Em uma outra ocasião, Tomás é chamado para uma remoção, mas chegando lá, na verdade, tem uma criança muito doente que precisa ir para um hospital, porém não tem ambulância para buscá-la. Para não fazer o homem perder a viagem e auxiliar a família, o pai da criança mata um de seus cachorros para que possam levar o cadáver e a família para a cidade.
Quando Edgar e Tomás decidem dar o destino adequado aos cadáveres humanos, descobrem muitas coisas irregulares e ilegais, que os fazem repensar muitas coisas das suas vidas e o que acontece ao seu redor.
Nessa leitura eu senti uma crítica social muito grande (por isso eu disse "aparentemente" no início da resenha). Primeiro, o ser humano vale menos do que os cadáveres podres de animais na beira das rodovias, pois tinham verbas para remoção dos bichos, mas não tinha uma ambulância ou rabecão à disposição da população. Segundo, de uma maneira visceral, a autora descreveu o que acontecia com os corpos não reclamados e a forma como muitos enriqueciam às custas dessas mortes.
O livro é bem pequeno e como a estória não tem um final definido, eu acredito que seja mesmo somente a intenção de nos mostrar, de forma metafórica, o quanto o ser humano é pouco valorizado na sociedade, de uma forma geral. Eu gostei muito da escrita da autora que, até então, era desconhecida para mim.
Compre: Americanas / Editora
*Livro cedido pela editora para resenha
Sinopse: A profissão de removedor de animais mortos não é para qualquer um. Apenas alguém como Edgar Wilson, o herói deste desolador romance kafkiano, poderia se prestar à tarefa de recolher das estradas as carcaças que obstruem o caminho dos veículos.
Acompanhado do colega Tomás, um padre excomungado, Edgar tem seu cotidiano abalado quando encontra o corpo de uma mulher enforcada.
Na tentativa de devolver o mundo o curso da normalidade - palavra fugidia no universo construído magistralmente por Ana Paula Maia -, os dois conhecerão o destino de seus semelhantes numa realidade em que o animal muitas vezes tem melhor sorte do que o homem.
Resenha: No livro "Enterre seus mortos", aparentemente, vamos conhecer a rotina diária de trabalho de Edgar Wilson e Tomás, funcionários de um órgão responsável por remover cadáveres de animais mortos do meio ou da beirada das rodovias de algum lugar que eu não sei precisar onde é, mas sei que é próximo de uma pedreira que, por causa de suas extrações, realiza explosões três vezes ao dia em horários já determinados.
O emprego dos personagens funciona mais ou menos assim: alguém liga avisando de um animal morto e quem estiver mais próximo faz a remoção, os cadáveres são levados para um depósito, triturados e incinerados, servindo posteriormente de adubo.
Edgar é um homem solitário que faz todas as refeições no local de trabalho e Tomás é um ex padre excomungado, mas que ainda é respeitado na região em que vive; sempre que possível ele realiza a extrema unção de humanos ou mesmo animais agonizantes após os acidentes.
"Por estas bandas, um ex-padre tem o mesmo valor de um padre que não carrega em si o fardo de ser um excomungado."
Para realizar seu trabalho, Edgar, além de esperar os chamados, orienta-se também pelos abutres, pássaros que se alimentam de cadáveres já em decomposição, então sempre que está parado, à espera de um chamado, Edgar observa a revoada destes animais. Certo dia, parado na beira da rodovia, ele vê um movimento característico destes pássaros dentro de um matagal e vai até lá na intenção de remover o animal morto, mas, para sua surpresa, trata-se do corpo de uma mulher, enforcada, pendurada no alto de uma árvore.
Após ligar para as autoridades responsáveis, o homem fica sabendo que somente no dia seguinte é que terão veículos para irem até o local, porém como os abutres já estão comendo a jovem mulher, ele decide levá-la e armazená-la adequadamente no depósito de animais. Edgar a coloca em um freezer para aguardar a remoção. Quando os responsáveis vão até o depósito, pedem que fique com ela mais um tempo, pois ninguém deu queixa de uma mulher desaparecida e eles não têm como levá-la para o IML.
Não demora muito e outro corpo é encontrado, desta vez um homem, que tem o mesmo destino da mulher: o freezer.
"- A verdade é que este é um péssimo momento para morrer - conclui."
Em uma outra ocasião, Tomás é chamado para uma remoção, mas chegando lá, na verdade, tem uma criança muito doente que precisa ir para um hospital, porém não tem ambulância para buscá-la. Para não fazer o homem perder a viagem e auxiliar a família, o pai da criança mata um de seus cachorros para que possam levar o cadáver e a família para a cidade.
Quando Edgar e Tomás decidem dar o destino adequado aos cadáveres humanos, descobrem muitas coisas irregulares e ilegais, que os fazem repensar muitas coisas das suas vidas e o que acontece ao seu redor.
Nessa leitura eu senti uma crítica social muito grande (por isso eu disse "aparentemente" no início da resenha). Primeiro, o ser humano vale menos do que os cadáveres podres de animais na beira das rodovias, pois tinham verbas para remoção dos bichos, mas não tinha uma ambulância ou rabecão à disposição da população. Segundo, de uma maneira visceral, a autora descreveu o que acontecia com os corpos não reclamados e a forma como muitos enriqueciam às custas dessas mortes.
O livro é bem pequeno e como a estória não tem um final definido, eu acredito que seja mesmo somente a intenção de nos mostrar, de forma metafórica, o quanto o ser humano é pouco valorizado na sociedade, de uma forma geral. Eu gostei muito da escrita da autora que, até então, era desconhecida para mim.
Olá! Eu já tinha ouvido falar desse livro, mas confesso que não tinha me ligado nele antes. Estou bem surpresa com o seu conteúdo, não sei se leria, pois eu não tenho lá um estômago muito forte, por assim dizer. Mas adorei conhecer a obra pelo seu ponto de vista.
ResponderExcluirAbraços
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirEsta é uma premissa bastante inusitada para um livro não? Achei bem inovador, parece conter um certo ar de mistério do tipo que me agradaria como leitora. Achei a capa do livro fascinante e com certeza leria.
Abraços
Olá,
ResponderExcluirVi algumas resenhas do livro e realmente parece ter aquela coisa de critica social e ao mesmo tempo uma boa escrita numa história intrigante. Alguns livros não me importo muito com final aberto, este pelo jeito parece ser deste tipo.
Debyh
Eu Insisto
Oiii meninas
ResponderExcluirEu acho o título desse livro super intrigante, mas não sei se leria, há algo nele que não me chama a atenção completamente, acho que talvez pra mim não seria o momento de ler. Mas, acho legal essa crítica social que traz, eu gosto de histórias com contextos assim, ainda que tneham esses finais mais indefinidos e abertos.
Beijos
www.derepentenoultimolivro.com
Olá não conhecia a obra o título é bem sugestivo, confesso que fiquei surpresa pelas observações que você fez no final sobre os seres humanos serem pouco valorizados, não imaginava esse tipo de conteúdo para a leitura, enfim é uma boa dica, beijos!
ResponderExcluirOlá!!
ResponderExcluirLi recentemente uma resenha sobre esse livro, e as impressões finais foram semelhantes as tuas, com relação a escrita e também quanto a crítica social.
Eu fique bem interessada em realizar a leitura, desde que o conheci. Gosto de livros que nos trazem uma premissa intrigante.
Parabéns pela resenha!
Beijo
Eu estou bem curiosa com esse livro, achei a premissa dele bem interessante e gostei bastante da tura resenha. Só fiquei meio receosa sobre esse final, mas acredito que vou gostar.
ResponderExcluirBoa noite!
ResponderExcluirEu também não conheço a autora, mas fiquei intrigada com essa trama. Gosto de leituras que possuem alguma crítica social, então já fiquei empolgada para ler. Adorei a resenha!
beijos
Nunca li a autora, mas ouvi opiniões bem positivas a respeito dos seus livros. Esse aqui tem uma trama interessante, mas bem diferente do que estou acostumada, e achei bem bacana a presença das fortes críticas sociais. Está na minha lista de futuras compras.
ResponderExcluirNão conhecia esse livro, achei muito interessante! Vou pesquisar mais sobre a autora e ler assim que possível.
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