17/05/2019

[Resenha] Quando a escuridão bate à porta | Ge Benjamin +

Quando a escuridão bate à porta

Autor(a): Ge Benjamin +
Editora: Sinna
Páginas: 186
Resenha por: Larissa
Avaliação: 5/5
Compre: Amazon




Sinopse: Quando as pedras no caminho impedem a travessia e as sombras da depressão engolem as almas atormentadas, resta apenas o desespero dos inocentes e o verdadeiro filme de terror se inicia.

As feridas abertas causam dores insuportáveis, deixando somente lágrimas e, no fim, a sombra da morte encerra toda a luz interior. Na coletânea de contos Quando a escuridão bate à porta, cada escritor expressa bem estes sentimentos com personagens instigantes à espera de alguém para levá-los a um banho de sol.

Resenha: Esse livro é uma antologia composta por vários contos de diversos autores, com o tema depressão, no qual minha mãe e parceira de blog tem um conto publicado. Como é um livro muito especial, irei falar um pouquinho de cada conto.

O primeiro conto, de Rodrigo Ortiz Vinholo, "A garota que perdeu sua essência", nos traz Bruna, uma garota que já não sente mais nada, passa só deitada. Sua amiga, Juliana, com a intenção de tirá-la desse estado, faz uma "recontagem" de "A bela adormecida" para a garota, em que elas são as personagens.

Em "No limiar do abismo", Gislaine Oliveira dá aos nossos sentimentos ruins formas humanas na mente de sua personagem, que está sempre se sentindo culpada, sentindo pena de si mesma e medo.

"Quem não enfrenta seus demônios interiores, sempre será atormentado por eles."

"Permita-se", de Rodrigo Fonseca, tem como protagonista Luigi, que está em uma depressão profunda desde que perdeu sua noiva justamente no dia do casamento. Sua sogra é quem tenta tirá-lo dessa obscuridade e dá algumas dicas para que ele volte a viver.

No conto "A nuvem", da escritora L. L. Alves, a depressão toma a forma de uma nuvem, que está sempre cobrindo a luz de Larissa, a protagonista.

"Eu não sabia naquele momento, mas a verdade é que, por mais que tentasse, a nuvem sempre estaria comigo."

"Desabafo de uma depressão", escrito por Evelyn Monique, narra mais a depressão em si e seus sintomas do que uma história com a depressão inserida no meio, sendo assim um pouco diferente dos outros contos.

"O que antes parecia interessante, pouco a pouco perdeu o sentido; a tristeza consumia-me completamente."

No conto "Meu segredo", escrito por Geana Krause, vamos conhecer Duda, uma mulher com uma família perfeita, bem sucedida e que está sempre bem arrumada, escondendo assim todos os seus demônios interiores. Esse conto nos prova muito bem aquela coisa de que mesmo quem parece ter tudo, pode ter depressão. É como alguns famosos, que têm muito dinheiro, pessoas em volta e tudo do bom e do melhor, porém acabam caindo na depressão. Ninguém está livre de cair nas amarras dessa doença.

Em "Doença da alma", de Pollyanna M., a personagem não está vivendo a depressão no momento atual, e sim relendo um registro que fez há alguns anos, quando sofria por causa da doença. Hoje ela está bem e conta como foi o processo para chegar onde chegou.

"O peso das nuvens", escrito por Lucas Hargreaves, nos traz Conrado, um moço aparentemente muito bem sucedido na vida e que tem tudo o que quer. O rapaz está sempre rodeado de pessoas, porém ninguém parece perceber que dentro dele estão escondidos os mais diversos sentimentos ruins. Tudo muda quando ele marca uma conversa com Lorena, uma desconhecida, que o faz enxergar tudo de outra forma.

No conto "Casulo", de Janaína Flores, vamos conhecer Ju, uma moça que mora com a irmã, que já é casada, e sente-se culpada pela morte do seu pai e da sua mãe. Desde que perdeu seu pai, Ju sente-se sempre na escuridão e nada mais em sua vida faz sentido.

"Sinto como se a escuridão morasse em mim, como se nada mais pudesse me iluminar. Nunca mais."

"Cálida escuridão" vai apresentar-nos Helen, uma moça que perdeu seu irmão e, desde então, vê sua família "quebrada". Ela passa os dias arrastando-se, mas, diferente de sua mãe, não quer tentar a morte, pois sabe que não é a solução. Depois de muita relutância resolve visitar o psicólogo da faculdade... Esse conto foi um dos que mais gostei.

Em "Demetrius", de Humberto Assumpção, nosso protagonista e seu melhor amigo, Jonas, são daqueles que estão sempre grudados, inclusive viajam juntos. Tudo muda quando o rapaz descobre amar Jonas de outra forma, ao mesmo tempo em que Jonas começa a namorar uma garota. Os dois rapazes acabam ficando distantes, o que leva nosso protagonista à depressão e isolamento. Demetrius é o nome da sua depressão, o nome do seu "companheiro" que está sempre o assombrando e dizendo à ele coisas ruins.

No outro conto de Rodrigo Ortiz Vinholo, "As marcas no calendário", temos um personagem que, ansioso para que as pessoas notassem seu sofrimento, passou a fazer marcas "sem significado" no seu calendário de mesa do trabalho nos dias em que desejava não existir. O conto aborda toda uma reflexão sobre o calendário e os pedidos de socorro não percebidos do personagem.

"O jardim das ervas daninhas", escrito por Débora S. Mattana, é o maior conto do livro, tendo em torno de vinte páginas, e a estória passa-se em um bosque, onde Gerdelina, nossa protagonista, tem uma casa. Em uma noite, desesperada com tanto sofrimento, Lina - como prefere ser chamada - acaba gritando e, logo após, encontrando uma Vitae - um ser parecido com uma planta e formado por galhos -, que pede ajuda à ela. Logo as duas viram amigas e Vitae irá, assim, tentar tirar Lina do estado deplorável no qual se encontra. Esse foi outro conto que gostei muito.

Chegou a hora de falarmos do melhor conto desse livro, "Luz no fim do túnel", da melhor escritora de todas, Viviane Dutra. A protagonista é Vivian e a moça está isolada há tempos dentro de casa, sem ver pessoas, menos ainda a luz do dia. Quando Vivian está quase sucumbindo à morte, é encontrada pela sua mãe, que invade sua casa e a leva para um lugar especial. Aqui é a pintura que dá novas cores - tanto no sentido literal quanto no sentido figurado - à vida de Vivian. Nem preciso dizer que esse é o meu conto favorito de todos, certo?

"Olhei pra o lado e fui atraída pelo reflexo no espelho do guarda-roupas. Não reconhecia aquela imagem. Sabia que era eu, porém, não era mais nem a sombra do que um dia já tinha sido."

Em "O espaço que o vazio ocupa", de Glau Kemp, vamos conhecer Carlos. No conto o protagonista relembra o Natal de 1985, que foi quando algo terrível aconteceu, e desde então o vazio está sempre dentro de si, não restando espaço para mais nada.

A personagem de "No limite de cada um", de Denize Ribeiro, foi arrastada à depressão pela ausência de vontades, sonhos e planos, o que só piorou quando foi demitida. Ela vai até um grupo de apoio e é lá onde encontra sua força interior.

No conto "Lembranças", escrito por Judie Castilho, temos uma personagem que está decidida a pôr um fim em sua vida. Ela vai até a clínica para uma última consulta e, ao seguir outro paciente do seu psicólogo, os dois encontram-se no terraço do prédio e têm uma conversa amigável, que pode mudar o rumo da vida de ambos.

O próximo conto é o de Camila Lobo, "Relato de um vazio". Aqui a personagem já está fazendo tratamento com psicólogo e sabe que precisa se divertir, por isso topa sempre sair de casa para se distrair.

A protagonista de "Quero ver o sol", escrito por Mell Ferrarez, tem uma leve ideia de que está com depressão, porém ainda não tem certeza e, depois de muita relutância, acaba saindo para encontrar uma amiga de anos e as duas acabam conversando, então Mari indica para Lya uma psicóloga, para que ela possa confirmar sua doença e se tratar adequadamente.

Para finalizar os contos temos "Quando se contra a luz", escrito pela autora e organizadora da antologia, Ge Benjamin. Esse conto é um dos mais curtinhos e aqui a depressão é descrita na forma de um bicho fantasmagórico e horrendo, digamos assim.

Os contos são todos independentes, ou seja, podem ser lidos na forma que o leitor preferir. Cada conto tem seu tipo de escrita e, é claro, motivos e curas para a depressão diferentes. Sem dúvidas, é uma obra perfeita para quem quer aprender mais sobre essa doença que acomete muitas pessoas.

5 comentários:

  1. Adorei a resenha, obrigada por dar oportunidade a está antologia que trata de um assunto ainda pouco abordado. Depressão é cercada de preconceito, mas é uma doença que leva muitas vidas.

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  2. Oi, tudo bem? Na época da chamada, eu quase participei, mas acabei não o fazendo pela falta de tempo. Mas ainda é um livro que quero ler pelo tema abordado. Achei ótima a abordagem, acho que precisamos falar muito sobre saúde mental na literatura. Adorei sua resenha, tenho certeza de que adoraria todos os contos.

    Love, Nina.
    www.ninaeuma.blogspot.com

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  3. Ooi Larissa,

    Fico feliz que tenha gostado do livro, eu fiquei muito feliz de poder escrever Casulo e participar dessa obra que trás uma reflexão importante sobre depressão. Amei sua resenha! Beijos

    Janaína
    abobrinhacomchocolate.com.br

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  4. Eu conheço os trabalhos solos da Ge Benjamin e por isso posso dizer que ela tem ideias ótimas para antologias e romances. Ver uma antologia assim com um tema tão necessário e com contos que aparentam ser tão íntimos e tocantes me dá ainda mais orgulho de ser amiga dela. Ainda não li essa da resenha, mas agora fiquei ainda mais curiosa pela leitura. Espero fazê-la em breve.

    www.sonhandoatravesdepalavras.com.br

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  5. Eu tenho gostado cada vez mais de contos, fique bem empolgada com sua resenha e quero ter a oportunidade conhecer melhor o livro. O título é meio obscuro mais chama ainda mais a atenção do publico! beijos!

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