20/09/2019

[Resenha] Filha do ódio | Rute Moura

Filha do ódio

Autor(a): Rute Moura
Editora: Autografia
Páginas: 126
Resenha por: Viviane
Avaliação: 5/5
Compre: Editora / Livraria Cultura

*Livro cedido pela editora para resenha


Sinopse: Sara. Nome de mulher forte, alguém um dia lhe dissera. A pequena era órfã de pai, que morrera quando ela tinha apenas dois anos, deixando-a a mercê de sua cruel genitora e seus sete irmãos. Maria, sua mãe, não a aceitava por ter nascido mulher e a negava como filha. Seus quatro irmãos e suas três irmãs, influenciados pelo sentimento de ódio da mãe, menosprezam Sara. A menina cresceu em um lar sem carinho, amor ou proteção. Sofreu todo o tipo de agressão: física, emocional, psicológica e moral. Foi vítima de pedofilia por pessoas da própria família. Ao chegar à adolescência, a mãe tentou matá-la. Com tantas desventuras familiares, chegou ao fundo do poço da depressão. Teve transtorno de automutilação. Tentou se suicidar por várias vezes. Será que Sara vai conseguir ver a luz do paraíso, na escuridão do inferno em que vive?

Resenha: Sabem aqueles contos de fadas, da bruxa ou da madrasta má, que humilha e maltrata a mocinha de todas as formas inimagináveis? Agora piorem um pouquinho a situação e troquem a bruxa ou a madrasta pela própria mãe da garota. Difícil imaginar, não é? Eu mesma não poderia imaginar que houvesse tanta maldade e tanta perversidade vindas de uma mãe.

Sara foi a sexta filha de uma prole de sete irmãos. Sua mãe, Maria, já tinha quatro filhos do primeiro casamento quando se casou com Pedro, depois tiveram mais três. A sexta foi Sara, e o caçula um menino com síndrome de Down. Sara perdeu o pai aos três anos, e desde então sua vida transformou-se em um inferno. E o diabo? A própria mãe dela. É inexplicável o ódio que Maria sempre sentiu de Sara, pois tratava bem todos os outros filhos.

Desde muito pequeninha, Sara foi obrigada a fazer todos os serviços da casa. Quando as irmãs mais velhas casaram-se e saíram de casa, foi que Sara teve direito a uma cama, mas precisava ir à casa das irmãs fazer os serviços de doméstica e nem almoço recebia; era colocada para fora da casa enquanto a família comia. Quando chegava em sua própria casa, só havia a louça suja para lavar e nenhuma comida. O mais chocante é que a mãe era religiosa - não foi dita a religião, mas mencionou as saias e o cabelo comprido, cabelo este que na adolescência Sara foi obrigada a cortar curtinho porque um namorado que Maria arrumou elogiou o cabelo bonito que a menina tinha.

Ainda criança Sara foi molestada sexualmente por um de seus irmãos e não tinha nem o direito de queixar-se com a mãe, pois esta era a primeira a denegrir sua imagem, chamando-a dos nomes mais pejorativos possíveis.

Sara cresceu e quando estava no ensino médio arrumou um emprego em um escritório e passou a estudar à noite. Maria surtou, não admitia que a filha tivesse um bom emprego e ainda continuasse estudando; fazia de tudo para atrapalhar os estudos de Sara e ainda ficava com todo o mísero salário que a garota ganhava. Nessa época, a mãe tentou matá-la estrangulá-la, por pouco um dos irmãos a salvou.

"Mais uma vez pensou em suicidar se, não havia mais sentido continuar vivendo, já que aquela pessoa que lhe deu a vida, a pessoa que tinha que ser a que mais lhe amava, era a pessoa que mais odiava. "

Depois de adulta Sara arrumou um bom emprego e até um namorado, o que só fez aumentar a raiva que Maria tinha pela filha; tentou de todas as formas acabar com o namoro, difamando e denegrindo a imagem da moça, mas o namorado era um rapaz bom e percebeu a tristeza no fundo dos olhos de Sara.

"A mulher era de tal perversidade que não media as palavras, ao falar com a filha. Em tudo que se referia à menina era de uma maneira tão cruel, que o seu intuito era sempre feri-la a qualquer custo."

Foi a leitura mais difícil que já realizei. Não dá para acreditar que uma mãe trate assim uma filha; Sara era sua escrava, Maria não perdia uma oportunidade de menosprezar, espezinhar e humilhar a garota, nunca aceitou ver a filha bem ou feliz, mas mesmo com todo esse sofrimento e uma profunda depressão, Sara mantinha-se alegre e carismática com colegas e amigos, qualquer um que a visse fora de casa não imaginaria as atrocidades que a mãe cometia com ela.

O livro não teve um final conclusivo, não sei se a "Cinderela" teve o seu "felizes para sempre", mas sei que eu queria muito abraçar a personagem e dar à ela um pouco de amor, aquele amor que sua própria mãe não foi capaz de dar. E, embora não tenha tido um final conclusivo, teve um final muito chocante.

7 comentários:

  1. Oi..
    Esse livro parece ser nem perturbador. Imagino que tenha sido uma leitura difícil, um tmepo atrás assisti o documentário The Keepers e já achei aquilo bem atormentado. Agora ler algo assim onde o estupro tá ali na nossa cara não é fácil

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  2. Olá...
    Adorei sua resenha!
    Pelo que você mostrou parece ser uma leitura bastante densa e pesada... Acho que não é a leitura que ando buscando no momento, então, prefiro passar a dica.
    Bjo

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  3. Oi, ainda não conhecia esse livro e pelo seu post fiquei bem comovida com todas as dificuldades que a Sara enfrenta por causa da maldade da própria mãe, infelizmente existem sim mães que tratam mal os seus filhos.

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  4. Oi!
    Eu não conhecia o livro, mas achei a capa muito bonita.
    Você não comentou diretamente, mas lendo a sua resenha e pelo último parágrafo dela, tive a impressão de que é uma releitura de Cinderela e normalmente, não curto muito essas adaptações de contos de fadas. Portanto, passarei a dica dessa vez.
    Bjss

    http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/2019/09/resenha-o-que-ha-de-estranho-em-mim.html

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  5. Olá, tudo bem? Não conhecia a obra mas achei bem interessante a trama, além dessa capa linda que tem ♥
    Já vai pra minha listinha, um beijo.

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  6. Que enredo pesado! Achei a trama bem diferente, mas a primeira coisa que pensei é que é uma história bastante pesada.

    Acho que a capa captura bastante do tom da narrativa e passa isso para o leitor. Realmente uma ótima dica para o mês de outubro

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  7. Olá! Este é um livro que no momento eu não tenho intenção de ler. O enredo é muito pesado e tem que ter muita coragem e estômago para essa leitura. Nunca tinha ouvido falar. Bjs

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