Resenha: Quando eu era invisível - Martin Pistorius

Quando eu era invisível

Autor(a): Martin Pistorius
Editora: Astral Cultural
Páginas: 268
Resenha por: Viviane

Nota: 5/5
*Livro cedido pela editora para resenha




Sinopse: Até aos 12 anos, Martin Pistorius era um menino igual aos outros, feliz e saudável. Ninguém nunca imaginaria que um dia ele fosse adoecer gravemente e que, em pouco tempo, pararia de andar e falar. Para os médicos, Martin tinha entrado em estado vegetativo.

Porém, lentamente, Martin começou a recuperar a consciência e a perceber tudo o que acontecia ao seu redor. Preso em seu próprio corpo, ele era incapaz de mostrar isso para a sua família e àqueles que cuidavam dele.

Depois de 12 anos de encarceramento, Martin conheceu Virna, uma terapeuta que viu além do corpo preso a uma cadeira de rodas e que apenas movia os olhos. Ela conseguiu enxergar um ser humano na plena posse das suas faculdades mentais.

Este foi apenas o princípio de um extraordinário renascimento e o primeiro impulso para que Martin despertasse, gradualmente, para a vida. De um menino que dependia completamente dos outros, Martin Pistorius transformou-se em um homem independente, que se formou na faculdade, conseguiu um emprego e casou com o amor da sua vida.

A vida de Martin é uma surpreendente história real de superação que vai mexer com todas as suas emoções. Você vai torcer, chorar e reconhecer nele uma inspiradora força de vontade para realizar o impossível.

Resenha: No início, o livro fala um pouco sobre o caso de Martin, uma espécie de doença degenerativa que em pouco tempo tirou a fala e os movimento dele, ainda garoto. No início da doença, ele realmente apagou completamente, mas, com o passar dos anos, Martin começou a ter consciência, porém ninguém desconfiou.

"Não conseguia pegar uma caneta para rabiscar uma mensagem ou emitir um pedido de socorro. Estava isolado na própria ilha, e a esperança se desfazia dentro de mim à medida que percebia que jamais seria resgatado."

Como cuidar de uma criança doente, ainda mais quando entrou na adolescência, se tornou difícil, a família optou por deixar o menino em clínicas para que pudesse ser melhor cuidado, mas os pais nunca fizeram ideia dos abusos e maus tratos que Martin sofreu. As partes em que Martin narra estes episódios, foram extremamente chocantes, como nas vezes em que lhe davam comida ou bebida quente demais, ou um dia em que a comida era muito ruim, ele vomitou e a cuidadora o obrigou a comer seu próprio vômito. Chegavam a ser nojentas as cenas em que Martin descrevia os abusos sexuais que sofreu em uma determinada clínica que ele ficava algumas vezes por ano quando seus pais precisavam viajar.

Havia outra clínica em que Martim só passava o dia; nesta ele era bem tratado. Certa vez foi trabalhar lá uma moça chamada Virna, e esta foi um anjo em sua vida; ela conversava com o rapaz como se ele pudesse ouvir (coisa que realmente podia) e, desconfiando de sua consciência, o levou para fazer uns testes e foi aí que as coisas começaram a melhorar.

"Nesse momento, percebi que o garoto invisível estava finalmente voltando a vida."

Sabendo da capacidade de entender de Martin, os pais buscaram o melhor equipamento para ajudá-lo a se comunicar. Nesta fase, a mãe era incansável, diferente da época em que Martin, ainda criança, ficou doente e a mãe ficou tão desesperada que chegou a tentar suicídio, e depois agia como se só tivesse os outros dois filhos, Kim e David. Mas o pai sempre foi incansável, nunca desistiu do filho e fazia de tudo pela saúde física dele, na esperança de que um dia ele se recuperasse.

Martin, já adulto, precisou reaprender a ler para fazer uso de um programa de computador que deu voz a ele. Primeiro eram símbolos, mas depois ele precisou de letras. Com seu desempenho e progresso, veio também uma inexplicável habilidade com computadores, o que acabou dando ao rapaz um emprego no centro de saúde uma vez por semana e posteriormente dois empregos que preenchiam a semana do rapaz, ocupando assim bastante sua cabeça.

Mais tarde, já com trinta anos, Martin conheceu, através de sua irmã, uma moça chamada Joanna, que foi amor à primeira vista, só que pela tela do computador, já que Martin vivia na África e Joanna, no Reino Unido. A compatibilidade entre os dois foi instantânea, e os dois passaram a se falar diariamente, até que seis meses depois, conseguiram se conhecer pessoalmente, quando Martin viajou para o país dela, contra a vontade de seus pais. De início, os pais de Martin rejeitaram a ideia de ele estar apaixonado, mas depois de conhecer a moça e entenderem os sentimentos que os unia, não colocaram mais obstáculos.

Apesar de todas as limitações, com o tempo Martin já conseguia executar algumas tarefas simples, como se alimentar e se barbear, e se arriscava até na cozinha, fazendo comidas para o seu amor. Com a ajuda de uma cadeira de rodas elétrica, Martin conseguiu um pouco mais de independência e autonomia para se deslocar sem precisar de ajuda todo o tempo.

A história de Martin Pistorius é emocionante e impactante. É algo que precisa ser lido por todos. Eu não consigo dizer que é linda, porque sei que realmente aconteceu, mas posso dizer que é triste e profunda e serve de exemplo para quem tem um corpo perfeito e vive reclamando de tudo.

"Nenhum de nós sabe o que consegue aguentar até que nos seja pedido."