Resenha: O incendiário de Hebron - Antonio Lúcio

O incendiário de Hebron

Autor(a): Antonio Lúcio
Editora: IDE
Páginas: 220
Resenha por: Viviane

Nota: 4/5
*Livro cedido pela editora para resenha




Sinopse: Ninguém, em sã consciência, pede um destino ruim; O destino só será desagradável se a criatura tomar o caminho do mal.

Hebron - Ano 64 d.C.

Enoch ben Moses não podia imaginar o ódio que Jeremiah nutria por ele, a ponto deste último dedicar quase toda a sua vida adulta em prejudicá-lo e aos seus familiares. E assim o fez, com sua incontrolável sanha assassina.

No afã de construir uma nova vida, a família Ben Moses, aprendiz dos ensinamentos de Jesus, através das secretas reuniões cristãs, fugiu para Jerusalém.

Entra-te em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele...

Mas a maldade não conhece fronteiras, e a tentação da vingança persegue a todo instante os homens, por mais conhecedores que sejam das lições do Mestre Nazareno, principalmente quando o ofensor insiste em ferir cada vez mais, seja por atos concretos ou, o que é pior, encoberto pelas sombras, através das lâminas cortantes da calúnia.

Nada há encoberto que não seja revelado, e oculto que não venha a ser conhecido.

Resenha: Esta história se passa algumas décadas após a crucificação de Jesus Cristo. Naquela época os cristão, seguidores de Cristo, eram perseguidos, presos e torturados, então tinham que se reunir secretamente, assim como a família de Enoch bem Moses.

Enoch, sua esposa, Esther, e seus filhos, Boaz, Levi e Samuel, viviam na zona rural de Jerusalém e os cultos do cristianismo ocorriam em lugares secretos.

"A solução mais segura era a reunião nas catacumbas, porém, tendo-se o cuidado de manter, em sigilo, o local de qualquer encontro."

Próximo a casa da família de Enoch, morava Jeremiah que, não sei porquê, odiava tanto aquelas pessoas e, após descobrir o local de encontro, os denunciou; então a família e outras pessoas foram presas.

Alguns dias depois, os vizinhos conseguiram libertar Esther e os três rapazes, mas Enoch ficou preso sofrendo torturas horríveis. Quando, anos depois, foi liberto, estava louco e muito doente, vindo a falecer em seguida.

Jeremiah, não satisfeito em destruir a família, incendiou o celeiro nos fundos da casa de Esther. Neste fatídico acontecimento morreram Boaz e Levi. Devido a dor da perda dos filhos e toda a perda material sofrida, Esther vende as terras e vai morar em Hebron. Só que logo após pôr fogo nas terras de Enoch, Jeremiah foge com medo de ser descoberto e também vai para Hebron.

Um ano depois de Esther e o filho sobrevivente se instalarem e arranjar emprego na nova morada, Jeremiah descobre os dois e novamente põe fogo na casa dos dois; logo após, foge para Roma.

Mãe e filho vão morar na pensão que ela trabalhava e Samuel tem emprego como ferrador de cavalos. Nessa época ele começa a namorar Sara, a filha de seu patrão, e logo se casam.

"Faça o melhor que puderem a cada dia, que o melhor surgirá sempre crescente em seus caminhos."

Os tempos felizes duram pouco e logo a esposa se distancia de Samuel, parando de comer e definhando rapidamente, até vir a óbito. Algum tempo depois, Samuel descobre que o causador da tristeza da esposa foi Jeremiah, ao lhe enviar uma carta mentindo que o rapaz tinha esposa e filho no local de onde viera.

Cansado de tantas injustiças sofridas pelo abominável vizinho, Samuel, contra a vontade da mãe, parte em uma missão para encontrar seu algoz e vingar-se, pois já não tinha mais nada a perder.

"...a maldade é como uma praga que se alastra, mas que jamais consegue macular a consciência de pessoas de bem."

Durante a leitura, toda vez que algum personagem tinha uma atitude errada, tinha uma espécie de observação e exemplo do que seria o certo ou que não deveria ser feito, devo dizer que ajudou bastante no entendimento da história. Outra coisa que gostei bastante é que tinha fatos reais, como o apedrejamento do apóstolo Tiago, primo de Jesus, e a história de Nero, quando incendiou Roma (e chutem quem foi o incendiário que o ajudou).

Resumindo, é uma leitura muito válida, pois além de nos passar uma bela lição e reflexão, ainda nos ensina um pouco da história nas primeiras décadas D.C.