[Resenha] Todo o tempo do mundo | Maurício Gomyde

Todo o tempo do mundo

Autor(a): Maurício Gomyde
Editora: Astral Cultural
Páginas: 352
Resenha por: Larissa

Avaliação: 5/5
Compre: Americanas

*Livro cedido pela editora para resenha


Sinopse: Meu nome é Vitor Pickett. Eu viajo no tempo...

Ok, você já leu muitas histórias assim, mas garanto que todas não passam disto mesmo: histórias. No meu caso, por mais inacreditável que pareça, é tudo verdade. Eu REALMENTE viajo no tempo. As viagens duram segundos, minutos ou, no máximo, poucas horas. Se fico insanamente feliz, volto ao passado; se absurdamente triste, vou para o futuro.

Isso me criou tantos problemas, que a única saída foi me isolar num canto do mundo e passar meus dias tentando nunca mais ser feliz nem triste.

A causa? Amanda. Por que eu? Não sei. Um dia vai acabar? Não faço ideia. Mas hoje de manhã chegou um convite. E acho que finalmente poderei descobrir se o que me acontece é dádiva ou maldição...

Resenha: A história toda inicia-se com um beijo entre Amanda e Vitor, quando ambos tinham quatorze anos, na formatura do ensino fundamental. Amanda está prestes a ir embora do Brasil e, ao deixar o garoto por alguns minutos para ir falar com sua mãe, na volta, descobre que ele desapareceu. O que ela não sabe é que Vitor viajou no tempo, e tudo isso teve início quando eles beijaram-se.

"Em uma fração de segundo, derrubei todas as leis da física, da química, da biologia e da matemática; todas as teorias da probabilidade e os tratados da sensatez; um por um, todos os princípios filosóficos e teológicos da história..."

Começamos o livro conhecendo primeiramente um pouco do passado de Amanda. Ela estava prestes a mudar-se novamente - isso um ano depois do beijo com Vitor -, pois seu pai é um embaixador e, consequentemente, a família passava mudando de país, e, ao sair de casa, acontece uma grande e inesperada explosão. Ela sobrevive, porém todas as notícias contribuem para que Vitor, aqui no sul do Brasil, pense que está morta.

Logo a narrativa é passada para Vitor. Atualmente o rapaz tem uma vinícola aqui no sul, em Nova Vêneto, que fica perto de Bento Gonçalves, e com seus espumantes ele faz sucesso. Aliás, adorei o fato de o autor ter realmente pesquisado e vindo atrás para escrever estas partes do livro, pois o lugar - que descobri não ser verdadeiro, mas inspirado em lugares que realmente existem - é escrito detalhadamente e foram utilizadas até mesmo falas e gírias como as nossas.

Após conhecermos o presente de Vitor, conhecemos o de Amanda. A moça já está casada e vive em Buenos Aires. Lá ela trabalha em uma livraria, o emprego dos sonhos dos leitores, porém sua vida não é tão bela como parece. Seu marido é um deputado e eles têm basicamente um casamento de mentira, tudo pelas aparências, e Amanda está inserida, infelizmente, em um relacionamento abusivo, algo que ela demora a perceber.

As viagens no tempo de Vitor funcionam da seguinte forma: quando ele fica muito feliz, volta no tempo; quando fica muito triste, vai para o futuro. O tempo de retrocesso e progresso depende da intensidade da felicidade ou da tristeza genuínas que Vitor sente. Voltar no tempo e repetir os momentos felizes parece ser muito bom, porém ir para o futuro e ficar horas "inexistente" pode ter consequências desastrosas.

"Eu revivia momentos inesquecíveis, repetia beijos, transas e o pouco de felicidade genuína que a vida me proporcionava. E pulava segundos, minutos ou horas, quando a tristeza chegava forte. Impossível esconder o tanto que eu vivia perdido."

Vinte anos após a formatura de ensino fundamental que mudou absolutamente tudo na vida de Vitor, os colegas resolvem fazer uma festa no mesmo local, para reencontrarem-se. O que Vitor e Amanda não sabiam é que esse reencontro iria mudar completamente as vidas dos dois.

A narrativa é alternada entre Amanda e Vitor durante todo o livro, o que nos permite ter uma visão mais ampla de tudo o que está acontecendo no Brasil e em Buenos Aires ao mesmo tempo.

Durante o livro Vitor pergunta para diversas pessoas qual é o conceito de felicidade genuína para cada uma delas, e entre os capítulos temos algumas dessas frases em destaque, o que ficou muito bonito.

"Felicidade é a certeza de que nossa vida não está passando inutilmente."

Amo livros que têm viagem no tempo e sou fã de histórias de romance, então Maurício colocou as duas coisas em um livro só, juntamente com sua maestria em escrever histórias - que foi descoberta por mim só agora - e, consequentemente, "Todo o tempo do mundo" tornou-se um dos meus livros favoritos da vida. É uma história cheia de encontros e desencontros que, não vou negar, por muitas vezes deixou-me com raiva, mas o final fez tudo valer a pena. Muito obrigada por esta história, Maurício!