[Resenha] Até quando? (parte #1) | Christiane de Murville

Até quando?

Autor(a): Christiane de Murville
Editora: Chiado
Páginas: 284
Resenha por: Viviane

Avaliação: 4/5
Compre: Editora

*Livro cedido pela editora para resenha


Sinopse: Quantas vezes repetimos situações já experimentadas, voltamos a visitar locais bem conhecidos, descobrimos parentes novos ou cruzamos com gente que não lembramos ao certo quando e onde já encontramos? Quem nunca caiu em esquemas de pensamentos repetitivos ou em algum registro emocional capaz de o aprisionar em alguma realidade particular? Este romance ficcional conta a aventura de João e de sua família, quando passam exaustivamente por inúmeras dessas situações em suas experiências na Terra, vivendo ora momentos de grande alegria e prazer, ora de extremo sofrimento e decepção, visitando tanto cenários infernais como paradisíacos. Até quando continuarão eles reeditando inúmeras experiências já vividas, repetindo comportamentos eventualmente pouco saudáveis, retornando a lugares já bem conhecidos e oscilando de humor? Em seu íntimo, cada qual quer provar o seu valor, mostrar a todos e convencer a si mesmo de que é uma pessoa honrada e virtuosa. Portanto, precisa projetar novos episódios em sua vida e reeditar outros já vividos, até conseguir sentir-se satisfeito consigo mesmo, com o coração tranquilo e a consciência apaziguada, tendo realizado seu potencial de vida na Terra. No entanto, estariam João e sua família presos em projeções pessoais? Como fazer, então, para encontrarem a liberdade, para se livrarem de padrões repetitivos, formatações e condicionamentos diversos criados por eles mesmos e o coletivo no qual todos estão mergulhados?

Resenha: "Até quando?" é um livro que fala de espiritualidade, reencarnação, erros e acertos de outras vidas, mas tudo de uma forma muito lúdica, como se, em cada existência nossa, nossos erros e acertos fossem sendo colocados em exposição, em uma espécie de armazém, no qual vamos quando morremos, vemos tudo o que fizemos de certo e de errado e programamos nossa próxima vida.

João, em sua primeira vida apresentada, era um servente de pedreiro, sem dinheiro, sem futuro, sem vontade de trabalhar ou viver, invejava a amante gostosa do patrão e a moto nova com baú de um colega, que desejou a morte e ela chegou de forma trágica. Ao chegar em seu "armazém", admitiu seus erros e nasceu novamente, claro que esquecendo tudo da vida passada.

"Somente quando fosse checar novamente sua relação de memória incômodas, ligada a desejos e pendências pessoais ainda por resolver, talvez compreendesse o motivo de tudo que estava vivendo e se sentisse mais aliviado."

Na sua segunda vida João tinha a mulher gostosa que tanto sonhou e um emprego melhorzinho, mas ainda assim não estava feliz. Sua esposa adoeceu, engordou, só gastava, ele não dava amor e atenção aos filhos, acabou sozinho e voltou ao "armazém" para entender onde ele errou e planejar sua volta.

Em todas suas reencarnações João reencontra seu primeiro patrão, a amante gostosa, sua mãe, uma vizinha que eventualmente se relacionava com ele e até mesmo o cachorro.

"João não tinha a sensação de ser eterno, não se lembrava de outras aparições no mundo, nem de sua passagem pelo armazém de memórias."

Foi possível perceber o quanto o personagem evoluiu espiritualmente em cada vez que ele renascia. Em algumas vidas ele morreu velho, em outras jovem e em algumas nem chegou a nascer. Em cada nova existência João resgatava alguma pendência de outra vida, mas acabava adquirindo novas.

De certa forma este livro nos faz refletir que queremos as coisas, as desejamos do fundo do coração, mas quando enfim conquistamos, vemos não era aquilo que a gente queria e passamos a desejar outras coisas; quase sempre a vida do outro, que achamos ser melhor que a nossa. Eu acredito em reencarnação, mas a vida é agora, temos que fazer valer a pena agora, viver bem com o que temos e não desejar o que é do outro, até porque não sabemos o que o outro passa ou passou para chegar até desejada conquista.