[Resenha] Krystallo | Raphael Fraemam

Krystallo

Autor(a): Raphael Fraemam
Editora: Independente
Páginas: 390
Resenha por: Viviane

Avaliação: 5/5
Compre: Amazon

*E-book cedido pelo autor para resenha


Sinopse: As duas maiores potências de Emperon travam uma guerra secular para garantir o controle dos cristais de energia. Foi por causa de um atentado em Econ que Tomé Stalmer começou a suspeitar da verdade que o governo apregoava. E é no dia de seu aniversário que Gray Frost é forçada a deixar Opus, o seu lar.

As jornadas para além das fronteiras narram uma história de piratas e soldados de elite, inteligência e mistério, confiança e tragédia. Cada um luta para sobreviver ao mesmo tempo em que busca compreender os segredos por trás dos acontecimentos que mudaram o curso da História.

Resenha: O mundo está dividido: Opus e Econ; no passado, ambas as lideranças aliaram-se contra Cratia e venceram, mas não entraram em um acordo depois disso e vivem em guerra há mais de cem anos. Basicamente a guerra é pela energia que, nesse caso, vem na forma de um cristal; cada liderança tem o seu cristal, mas quem tivesse os dois seria mais forte.

"Os maiores males da Grande Guerra atingiram os mais pobres e, mesmo fazendo parte dos vencedores, estamos pagando pelos nossos erros."

Opus parece ser uma liderança justa, onde todos têm uma igualdade salarial; lá se é trabalhador das fábricas, pesquisador do governo ou militar; tem toque de recolher às 21:00 horas; as faculdades são escassas e difíceis de passar e concluir, mas Gray, nossa protagonista aqui nesse modo de governo, tem o sonho de ser uma pesquisadora e tem estudado muito.

Já em Econ as classes sociais são bem opostas, até para estudar precisa ter dinheiro, já que os pacotes de vídeo aulas são comprados, então quanto mais rica a família, melhores as aulas que podem comprar para os filhos; eles estudam em casa e em um dia marcado vão até um prédio do governo realizar uma prova; só os mais ricos chegam a uma faculdade, e Tomé, nosso protagonista aqui nesse governo, acha tudo muito injusto.

No dia em que Tomé vai fazer uma prova presencia e filma uma explosão em um dos andares do maior edifício de Econ; a explosão parece bem suspeita e o governo conta uma história bem diferente do que Tomé presenciou. Ao voltar para casa em um dia aleatório, tem uma garota no quarto de Tomé, que rouba seu celular; ele sai correndo atrás dela até o terraço de seu prédio, onde tem um jardim, e a garota some, mas tem algo estranho com uma das flores ali, ela brilha, e ao tocá-la Tomé desmaia.

Tomé acorda em um lugar um tanto primitivo e imagina ter viajado no tempo de volta ao passado. Ele acaba sendo interceptado por guardas que o levam a um centro de treinamento, pois acreditam que ele tenha fugido de lá, mas a surpresa que ele terá será enorme. O rapaz começa a ambientar-se no mundo desconhecido para ele; ninguém acredita que ele viajou no tempo ou teletransportou-se, então ele aguarda a decisão dos superiores e, enquanto isso, conhece Beatriz, que será sua guia enquanto estiver lá. Enquanto está nesse lugar, que Tomé descobre chamar-se Stae, ele toma conhecimento do tanto de mentiras que seu governo contou e recebe a notícia de que voltará ao seu país, mas em troca será um prisioneiro de guerra. Durante a longa viagem até Econ Tomé usa o tempo para descobrir tudo o que pode sobre o que seus governantes escondem.

"É difícil para qualquer pessoa compreender que o mundo no qual ela vive e tudo que passou a vida inteira aprendendo se tratava de uma ilusão. Mais difícil ainda ter que entender tudo isso por meio de estranhos que nunca vira e em um lugar que ela nem sabia que existia."

Gray está caminhando na rua próximo do horário do toque de recolher quando é sequestrada e levada até um navio que é lançado em alto mar; lá estão mais quatro adolescentes de Opus da mesma idade que ela. O espaço é muito bem equipado, melhor até que as casas e os prédios públicos de Opus e os tripulantes desse barco usam uniforme verde, o que é bem estranho, já que Opus deveria usar a cor amarela e Econ, branca.

No decorrer dos dias Gray e os outros adolescente vão ficando próximos; não se sabia quando era dia ou noite e os dias passavam lentamente, até que o navio pareceu bater em alguma coisa e posteriormente foi ouvida uma grande explosão; esta foi causada por piratas que estavam no navio para saquear a comida. Gray e Celina, outra tripulante do navio, pedem para fazer parte da tripulação de piratas e são levadas por uma pirata chamada Bela; as garotas conhecem os capitães do navio Esmeralda e recebem autorização para fazer parte da tripulação. As amigas navegam por águas perigosas e descobrem a existência de seres como hipocampo, sereias e tritões. Passam-se semanas e as famílias de Gray e Tomé não sabem o que aconteceu com seus filhos.

Finalmente os caminhos de Gray e Tomé se cruzam... Tomé chega ao porto de Stae e está seguindo a garota que roubou seu celular, porém acaba a perdendo de vista, mas vê o pássaro azul que filmou no dia da explosão e, de repente, bate de frente em alguém, que é Gray; o homem que sequestrou Gray aparece e tenta capturá-la novamente, mas Tomé a ajuda, pois, após a trombada, percebe que a garota foge do homem.

Ricardo, irmão de Tomé, recebe uma carta que o convida a participar do novo regime, depois é levado por seu colega para uma reunião com mascarados e sente medo.

Tomé está sendo levado para ser trocado, mas as dificuldades são muitas e cada vez mais o garoto descobre coisas que não fazia ideia de que existiam, como o hipogrifo, uma mistura de águia com cavalo.

Depois de ser perseguida por seu sequestrador da primeira vez, Gray acorda em um lugar com um homem estranho, mas bondoso; ele conta que a guerra que já dura cem anos e é só fachada para manipular o povo. Gray fica sabendo que existe mais um cristal com poder de teletransporte, mas ainda não se sabe como usá-lo; ela descobre ainda que foi escolhida para fazer parte de uma academia de treinamento chamada "Ordem do Dragão", onde seria treinada e lutaria mesmo contra sua vontade.

"Esses jovens são transportados para uma espécie de academia de treinamento que não sabemos onde está localizada, sofrem lavagem cerebral e passam por um processo para se tornarem os novos agentes da 'Ordem do Dragão'."

Gray precisa voltar para Opus para procurar possíveis membros da Ordem do Dragão, mas em segredo, pois seus pais não podem saber de seu retorno; ela vai através do teletransporte do Krystallo do espaço.

Quando Gray chega em Opus procura sua amiga, Maggie; juntas elas descobrem que o namorado de Maggie pode fazer parte da Ordem e o seguem. Lá tem uma festa do alto escalão e alguém, que parece ser Resol - que era o ditador em Cratia há mais de cem anos durante a guerra -, só que mais jovem, discursa, através de uma transmissão em um telão, dizendo que o povo de Opus está sendo usado como guerra de fachada para que os dois governos mantenham-se no poder. Em Econ a mesma transmissão é feita para o grupo que Ricardo está participando contra a vontade para tentar descobrir algo sobre Tomé; Ricardo fica indignado com o quanto todos estão sendo usados e manipulados e decide contar tudo para todos no dia seguinte.

"A guerra até hoje beneficia os dois governos. A oposição nunca conseguiu assumir o poder desde o final da Grande Guerra contra a Cratia. O povo é manipulado, controlado e o sucessor do líder do governo é sempre a pessoa indicada pelo atual líder."

O livro é narrado em terceira pessoa, mas os capítulos são intercalados entre o que está acontecendo com Tomé, Gray e outros personagens da estória. Todas as informações vão sendo passadas no momento certo, a narrativa é intensa o tempo todo, mas a partir dos 80% da leitura torna-se eletrizante e impossível largar. Lá no final temos uma prévia do que aconteceu com cada personagem, de forma que parece que o livro terminou e será volume único, mas no último personagem tem um detalhe que me deixou desesperada por uma continuação.

O autor conseguiu montar magistralmente uma sociedade distópica completa, sem deixar fios soltos ou dúvidas. O livro é longo, mas em nenhum momento cansativo, tudo é descrito de maneira sucinta, sem excesso de detalhes ou cenas desnecessárias. A crítica política existe sim nas entrelinhas, mas não foquei muito nisso, preferi só curtir a leitura e ansiar pelo desfecho final.