[Resenha] Das quadras para o mundo | Preto Zezé

Das quadras para o mundo

Autor(a): Preto Zezé
Editora: CeNE
Páginas: 192
Resenha por: Larissa

Avaliação: 4/5
Compre: Americanas / Editora

*Livro cedido pela editora para resenha


Sinopse: Mesmo diante de tantas adversidades, Preto nos traz as paixões pela vida coletiva, os medos e receios da lida diária, relembra as amizades e os parceiros e nos oferece seus aprendizados do cotidiano, onde sentimos pulsar muita energia para embalar os dias desafiadores em que vivemos.

Na forma única de escrever e nas histórias inspiradoras, Preto Zezé revela sua capacidade empreendedora, sua habilidade mediadora e sensata de dialogar e, a partir de uma maneira singular e amorosa, sua visão inovadora e ousada da favela como ambiente de potência e poder.

Resenha: Nesse livro vamos conhecer a história do Preto Zezé, filho da dona Fátima e do seu Chico Macumbeiro, e irmão do Carlinhos (Beto), do Jorge, do Hélio e da Bia, a caçula da família.

Primeiramente, Preto Zezé irá nos explicar como tudo começou, contando-nos como sua mãe saiu de uma vida difícil no interior do Ceará e foi parar em Fortaleza, onde conheceu seu Chico, que viria a tornar-se seu pai.

A história passa-se nas Quadras, a favela onde Zezé cresceu, liderada comunitariamente por João Roberto de Carvalho, que ajudou a urbanizar a favela, para que viesse a tornar-se o que é hoje.

"A Quadra com seus guerreiros e guerreiras é como uma constelação de estrelas que torna esse céu mais bonito, cada uma com seu brilho e sua beleza. Acho difícil vocês conhecerem um lugar com tanto potencial e com tanta gente fantástica como as Quadras."

Zezé vai contar-nos como eram as ruas naquela época, como os grupos eram divididos e o preconceito que havia com os bailes funks. Na época, ele fazia parte de dois grupos, pois ainda não tinha descoberto seu lugar, sua identidade.

"Infelizmente, as ruas são as ruas, com vida própria, você não tem alternativa; as regras não são suas, você não as inventa, você tem que se adaptar e sobreviver. Ninguém regula as ruas."

Uma parte muito emocionante da história é quando Zezé conta-nos de como o deputado Alexandre Figueiredo o tirou das ruas, oferecendo a ele um emprego sério e honesto, e dando para ele a oportunidade de uma vida muito melhor, pois com isso ele conheceu outras coisas, outras pessoas, outros ofícios, outras oportunidades.

Preto Zezé passou por incontáveis desafios e provações durante a sua vida, tantas que, ao lermos seus relatos, ficamos pensando no quanto o ser humano é capaz de aguentar firme. Um dos desafios que ele teve que enfrentar foi a entrada do seu irmão Hélio no mundo do crack; somente após algum tempo e com muita fé foi que o rapaz conseguiu recuperar-se. Depois, Zezé perdeu dois filhos - um jovem, que morreu por conta do mundo criminoso onde estava inserido, e outra ainda na barriga da mãe -, o que sem dúvidas foram dores imensas.

Senti um orgulho e felicidade imensos ao poder ler a história de Preto Zezé. Mesmo com tantos desafios inevitáveis pelo caminho, Zezé conseguiu não cair no destino da maioria, conseguiu encontrar o seu caminho, a sua direção, e com isso fez muito pelo sua comunidade, desde trazer shows de cantores famosos para alegrar as pessoas até elaborar projetos para ajudar jovens a não irem para o lado errado da vida.

"A vida tentava o tempo inteiro legitimar uma situação injusta para mim como obra do destino traçado. Eu me negava a aceitar e me recusava a acreditar que a vida era só isso mesmo!"

Como todos os livros da CeNE, esse tem uma edição lindíssima, com fonte e tamanho de letra bem acessíveis, que conta ainda com fotos durante a leitura, para que assim tenhamos um acesso mais visual sobre o que Zezé está contando.

Foi uma leitura muito bacana, é o segundo livro que leio sobre a história de alguém que saiu da favela e reergueu-se na vida, superando diversos problemas e desafios, e gosto bastante de acompanhar histórias assim, porque sem dúvidas sempre me inspiram.