22/01/2020

[Entrevista] Valéria Leão

Olá, livreiras e livreiros! Em 2019 eu li um livro lindo de crônicas, "Compartilhando sentimentos para não sufocar com as palavras", da autora Valéria Leão, e então pensei em fazer uma entrevista com ela, para que tanto eu quanto vocês possam conhecer melhor a pessoa por trás dessa escrita maravilhosa. Vamos conferir?

1. Primeiramente, nos conte um pouco sobre você:
R: Nasci no noroeste do estado do Rio de Janeiro, na minha amada Itaocara. Na minha Aldeia da Pedra, às margens do Rio Paraíba do Sul, vivi minha infância e início de vida adulta. Da infância interiorana trago boas lembranças e preservo boas amizades. Minha primeira formação foi o magistério. Sim! Professora com orgulho. Porém, desde sempre, o sonho era a faculdade de Direito. Vida vai, vida vem, entrando nos anos da maturidade, finalmente, realizei o antigo desejo da menina interiorana. Como advogada, atuando na área do direito civil, tenho a oportunidade de conhecer muitas pessoas e suas histórias. E, como a alma humana me fascina, em cada novo cliente vejo a possibilidade de conquistar um novo amigo.

2. Como e quando foi que você descobriu que tinha o dom da escrita?
R: Não sei se é dom ou sina, rsrsrs... Escrever sempre foi uma necessidade quase vital. O título do meu livro é a melhor tradução da importância da escrita para mim: escrevo para não sufocar com as palavras.

3. No seu livro "Compartilhando sentimentos para não sufocar com as palavras", vi que você falou bastante da sua família, muitas vezes em textos que tinham a saudade como foco. Como essas pessoas reagiram ao saber que você publicaria um livro? E como você se sentiu ao saber que elas - e o mundo - leriam suas palavras?
R: Família e Amigos, essa é a minha base, meu porto seguro. Trago comigo um pouco de cada uma daquelas pessoas queridas, com as quais compartilhei os primeiros anos de vida. São muitas as histórias. São muitas as saudades de um tempo que marcou em definitivo a minha vida. Escrever um livro não fazia parte dos meus planos. Na verdade, acho mesmo que o meu Compartilhando Sentimentos é o resultado de uma epifania. Minha mãe, essa sim, sempre acreditou que eu seria escritora. Meu marido estava prestes à sugerir que eu escrevesse um livro, uma vez que o retorno às minhas publicações nas redes sociais era muito positivo. Ele costuma dizer que eu "escrevo com o coração". É simbólico que o lapso temporal entre a epifania e a primeira noite de autógrafos, foi de exatos nove meses. Nesse breve período da realização do projeto, em que eu não tinha o menor conhecimento sobre todo o processo de edição de um livro, menos ainda do mercado literário, não tive muito tempo para elucubrar como as pessoas reagiriam. Posso dizer que aprendi a fazer, fazendo. Muitas pessoas incentivaram e apoiaram a minha decisão, apesar da surpresa Inicial da noticia e de uma certa dose de curiosidade. De minha parte, eu estava envolvida com o projeto e tudo o que eu desejava era extravasar todo aquele sentimento guardado no peito por tantos e tantos anos. Nunca imaginei a dimensão que tudo isso tomaria. Do prefácio generoso da lavra do bom amigo e escritor, Enéas Quintal, passando pela bela resenha que vocês do Blog Duas Livreiras me ofereceram, à todas as manifestações de leitores, a gratificação pessoal é enorme.

4. Atualmente você faz algo além de escrever? Se sim, o quê?
R: Sou advogada, esse é o meu ofício. Porém, a escrita ganha cada vez mais espaço na minha agenda.

5. De onde surgem as inspirações para a escrita das suas crônicas?
R: A inspiração pode surgir de uma conversa banal, de uma situação inusitada, de uma lembrança afetiva, pode surgir da melancolia que está presente ao final de alguns ciclos da vida; não tem hora ou lugar. Ela chega assim, sem pedir licença. O breve texto abaixo ilustra um pouco a questão da inspiração:
De tudo um pouco
O acontecimento.
O sentimento.
A emoção.
A reflexão.
A palavra.
O texto.
A segurança dos afetos garantidos.
O frescor das novas amizades.
A amiga que me presenteia com "um ponto de luz", porque, segundo ela, eu sou "uma pessoa iluminada".
O amigo octogenário que faz planos de viagem com o entusiasmo de um menino de oito anos de idade.
O doce olhar da anciã que observa as novas gerações ao seu redor na ceia natalina. O que estaria pensando a matriarca?
A criança que olha para o meu "aviãozinho" de papel (que fiz atendendo à insistentes pedidos) e me pergunta: "tia, o que é isso?". E, com isso, arranca de mim uma gargalhada.
A alegria de reencontrar novos amigos na reinauguração do velho lugar.
O livro seguindo o seu destino. Os leitores interessados na nova obra
Tudo isso, não exatamente nessa ordem, me encanta, me humaniza, me amadurece e me transforma de alguma maneira.
Ao escrever, me sirvo das palavras para traduzir um pouco, do muito, das minhas reflexões sobre os acontecimentos do cotidiano. Se o texto conseguir tocar com delicadeza a emoção de alguém, já seremos dois "falando de sentimentos".

6. Você considera que a crônica seja mais fácil ou mais difícil de ser escrita do que outros gêneros textuais? E por quê?
R: Dizem que eu sou uma boa contadora de histórias, quem sabe se no futuro não lançarei um romance? No momento, a crônica atende a minha necessidade de escrever sobre temas variados e tocar os sentimentos dos meus leitores com uma escrita clara, leve e direta. Sobre ser mais fácil ou difícil escrever crônicas do que outros gêneros, acredito que é só uma questão de preferência. Algumas pessoas acham que a crônica é um "gênero menos nobre", sinceramente? Não concordo e não tenho a menor pretensão de ser a nova estrela do mercado literário. Minha escrita é, propositalmente, de fácil entendimento. Meu desejo é levar o leitor à refletir sobre as nossas questões cotidianas, humanas e, por isso mesmo, universais.

7. Muitas pessoas têm vontade de escrever crônicas - eu, inclusive -, pois é um gênero textual maravilhoso, que explora o mais simples de uma forma bonita, mas não sabem por onde começar ou sobre o que escrever, então que dica você daria?
R: Acredito que o cronista é o fotógrafo dos acontecimentos cotidianos. A crônica é, em regra, a "fotografia" de uma situação, um acontecimento, um sentimento, sob o ponto de vista de quem a escreve. Em alguns momentos, o cronista assume o papel de paparazzi, uma vez que, furtivamente, registra um fato, uma fala, um deslize, uma alegria, para transformá-los em texto. Minhas crônicas nascem da minha observação do que acontece ao meu redor, das notícias que me chegam, de alguma reflexão sobre algum tema. Nascem de uma forma muito natural. Aos que pretendem se lançar nesse universo de infinitas possibilidades, que é o do cronista, sugiro que busquem escrever sobre os seus temas preferidos. Escrevam com a tranquilidade de quem está conversando com uma pessoa amiga. Na crônica, como na vida, menos é mais.

8. No seu livro "Compartilhando sentimentos para não sufocar com as palavras" tem uma crônica intitulada “Escrever é desnudar-se”, onde você fala sobre a importância da escrita para você, que eu amei, por sinal. Mas, especialmente para as pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de ler o seu livro, gostaria que respondesse, explicando com detalhes, desnudando-se para valer, à seguinte pergunta: para você, o que significa escrever?
R: Escrever é a minha melhor terapia. Quando escrevo desnudo a alma, não me preocupo com julgamentos ou críticas. Simplesmente escrevo. Traduzir sentimentos através da palavra escrita é uma maneira de manter a minha sanidade, minha higidez. Expor meus pensamentos, impressões, experiências e expectativas, contribui com a minha busca pela evolução como ser humano. Enfim, escrevo para compartilhar sentimentos, para não sufocar com as palavras, para dialogar com o mundo que me cerca, para me conectar com o divino que existe em cada um de nós. Felizmente, à julgar por todas as palavras elogiosas que venho recebendo, a autenticidade dos sentimentos expostos, sem nenhum tipo de autocensura, agrada a maioria dos meus leitores.

9. Já tem planos para novos livros em breve? Se sim - e se puder -, conte mais para a gente:
R: Após ter sido arrebatada pela necessidade de escrever o meu primeiro livro de crônicas e de estar sendo tão bem recebida pelo público leitor, não pude resistir ao desejo de escrever o próximo. Novas crônicas, repletas de reflexões, sentimentos e emoções, estão sendo escritas. Sem a ansiedade da inexperiência, um pouco mais calmamente, o novo projeto já está em andamento.

10. Deixe um recado para as livreiras e para os livreiros do blog "Duas Livreiras":
R: Seres Literários, Livreiras e Livreiros, sou uma escritora novata, ainda desconhecida do grande mercado literário, o meu primeiro livro de crônicas, Compartilhando Sentimentos para não sufocar com as palavras, foi escrito no momento em que eu "virava a chave" dos cinco anos após um tratamento contra um câncer de mama. As crônicas são sobre temas variados e falam sobre vida, família, amizade, gratidão, fé, superação. Com o meu texto busco proporcionar ao leitor momentos de reflexão sobre a vida, sempre com leveza e, por vezes, uma pitada de graça. Seguirei nesse caminho, porque a vida me encanta, me seduz, e me conduz à experiências fantásticas. Como, por exemplo, essa oportunidade de dialogar com vocês nesse espaço, atendendo ao simpático convite dessas Duas Livreiras queridas. Obrigada pelo espaço, que venham muitas outras "conversas" como essa. Um ano novinho em folha se apresenta para nós. Que façamos a parte que nos cabe na construção de um mundo melhor para todos.

Notas da autora:
1 - Meu nome é Valéria Regina Faria Leão.
Valéria - porque minha mãe assim escolheu.
Regina - em homenagem à Nossa Senhora, a Rainha entre todas as mulheres.
Faria - por nascimento, Graça e bênção Divina.
Leão - por amor e com amor.

2 - Venda do livro: direto com a autora.
Email: valeriafaria@ymail.com
WhatsApp: (21) 99945-1976.
Terei imenso prazer em autografar os exemplares, caso esse seja o desejo do leitor.


POSTAGEM POR: LARISSA

29 comentários:

  1. Olá Duas Livreiras.
    Muito obrigada pelo carinho e atenção com o meu livro de crônicas Compartilhando Sentimentos para não sufocar com as palavras.
    Um abraço na alma e um beijo no coração. VALÉRIA LEÃO

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  2. Um livro com linguagem leve,que toca o coração do leitor. Histórias de vida. Crônicas que leio e releio e, em cada releitura, um novo (re)encontro. Mais que recomendado como livro de cabeceira.

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    1. Obrigada pelo comentário repleto de palavras de incentivo. Gostaria muito de conhecer o autor (a) dessa postagem especialmente delicada.��

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  3. Opa!! Adorei a entrevista com a autora. Realmente vejo muito escritores tendo uma profissão principal e abrindo espaço para a escrita que é um amor.
    Passa lá no blog e confere post novo.
    Beijos!

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    1. Obrigada. A advocacia sempre foi uma paixão, mas a escrita ocupada um lugar especial na minha vida.

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  4. Boa tarde,
    Tudo bem?
    Muito legal a iniciativa de entrevistar a autora :)
    Muito legal também que ela vê a escrita como um hobby, uma fuga para tudo que ela quer expressar.

    Beijos e boa semana
    www.rimasdopreto.com

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    1. Olá. Obrigada pelo comentário. A escrita é a minha melhor terapia. E o retorno venho recebendo... Nossa!!! Me motiva a seguir Compartilhando Sentimentos para não sufocar com as palavras.

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  5. Olá gente!

    Gostei da entrevista, pois eu não conhecia a autora e através da sua postagem estou sabendo um pouco dela. Espero que ela tenha muito sucesso com seu livro de crônica.

    Bjos

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  6. Ai adorei o papo!
    Eu não conhecia a autora e achei bem bacana isso de ter duas profissões kkkkkk
    Eu também sou a louca das crônicas, gosto muito de ler e ficar pensando no que a pessoa escreveu, vou procurar o livro!

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    1. Olá Bianca Ribeiro

      Olá!!!
      Crônica é vida.
      Rsrsrsrs...
      Obrigada pelo comentário.
      Abraços Literários

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Olá Livreiras e Livreiros
    Leitoras e Leitores

    O livro está disponível nos sites da editora e americanas.

    Tenho exemplares para pronta entrega. R$30,00 + taxa de Correios ( em média R$6,00 - em território nacional).

    Caso tenham interesse, posso autografar.

    À uma escritora novata não basta escrever, precisa divulgar e vender. Rsrsrs...

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  10. Livro com as melhores crônicas que eu já li ��

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    1. Obrigada. As palavras de carinho e incentivo enchem meu espírito de alegria.

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    2. Obrigada. As palavras de carinho e incentivo enchem meu espírito de alegria.

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  11. Ai que autora mais incrível, não li nada ainda dela, mas já estou interessada só pela simpatia dela. Parabéns pela entrevista.

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    1. Olá Duda.
      Obrigada pelo comentário especialmente gentil. Estou trabalhando no novo livro. Em breve, teremos novidades. Abraços Literários.

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  12. Obrigada pelo comentário gentil e carinhoso. Minhas crônicas nascem da minha convivência com pessoas muito queridas e especiais.

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  13. Que entrevista legal, não conheço a autora ou o livro a adorei saber masi sobre ela, principalmente os temas que curte escrever. sucesso

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    1. Olá Poesia na Alma
      Obrigada pelo comentário.
      Estou trabalhando no meu próximo livro de crônicas, continuarei seguindo nessa mesma linha.
      Abraços Literários.

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  14. Este comentário foi removido pelo autor.

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  15. Adorei a entrevista. Não conhecia a autora, mas já deu pra sentir sua intensidade e simpatia. Gostei <3
    Arrasaram, meninas.

    Sai da Minha Lente

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    1. Obrigada.

      Adorei ser entrevistada por essas Livreiras. Fiquei, muito satisfeita e feliz, com a resenha da obra elaborada por elas.

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  16. ler a descrição dela do local onde nasceu me deu uma sensação de lugar que traz paz, fiquei desejando um lugar assim <3 amei a entrevista, ela parece bem gentil :3

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    1. Olá.
      Minha Aldeia, Itaocara que em tupi quer dizer Aldeia da Pedra, é um lugar especial e encantador. Merece ser visitada.

      Obrigada pelas palavras gentis.

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  17. Adoro entrevistas! Isso faz com que a gente conheça mais do autor e também traz aquela conexão diferente. Eu ainda não conhecia a Valéria e fiquei feliz em saber como a escrita ganhou espaço em sua vida. Desejo enorme sucesso para a autora!

    Beijos,
    Blog PS Amo Leitura

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  18. Obrigada.
    Do texto jurídico fui às crônicas e, agora, na quarentena, da prosa fui ao verso.

    A gente se reinventado, não é mesmo?

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