[Resenha] Passarinha | Kathryn Erskine

Passarinha

Autor(a): Kathryn Erskine
Editora: Valentina
Páginas: 224
Resenha por: Viviane

Avaliação: 5/5
Compre: Amazon / Submarino




Sinopse: No mundo de Caitlin, tudo é preto e branco. Qualquer coisa entre um e outro dá uma baita sensação de recreio no estômago e a obriga a fazer bicho de pelúcia. É isso que seu irmão, Devon, sempre tentou explicar às pessoas. Mas agora, depois do dia em que a vida desmoronou, seu pai, devastado, chora muito sem saber ao certo como lidar com isso. Ela quer ajudar o pai - a si mesma e todos a sua volta -, mas, sendo uma menina de dez anos de idade, autista, portadora da Síndrome de Asperger, ela não sabe como captar o sentido.

Caitlin, que não gosta de olhar para a pessoa nem que invadam seu espaço pessoal, se volta, então, para os livros e dicionários, que considera fáceis por estarem repletos de fatos, preto no branco. Após ler a definição da palavra desfecho, tem certeza de que é exatamente disso que ela e seu pai precisam. E Caitlin está determinada a consegui-lo. Seguindo o conselho do irmão, ela decide trabalhar nisso, o que a leva a descobrir que nem tudo é realmente preto e branco, afinal, o mundo é cheio de cores, confuso mas belo.

Um livro sobre compreender uns aos outros, repleto de empatia, com um desfecho comovente e encantador que levará o leitor às lágrimas e dará aos jovens um precioso vislumbre do mundo todo especial dessa menina extraordinária.

Resenha: Caitlin é uma garotinha de dez anos com autismo; ela tem algumas dificuldades para interagir com pessoas ou compreender o que ela dizem, mas é extremamente inteligente e desenha muito bem. A garota mora com o pai - a mãe morreu de câncer, e seu irmão, Devon, morreu assassinado. Embora Caitlin não consiga demonstrar com lágrimas seu sofrimento, a dor de perder o irmão é enorme e, mais ainda, de ver o pai sofrendo e não saber o que fazer.

Como a estória é narrada pela menininha, vamos demorar um pouco para entender o que realmente aconteceu. Na sala da casa tem um armário inacabado, que era o projeto de Devon para os escoteiros; o pai cobriu o armário com um lençol, mas Caitlin sente que precisa fazer algo que não seja simplesmente esquecer ou não tocar mais no assunto.

"Estou tremendo e chupando o punho da blusa e tentando parar de pensar no Dia Em Que A Nossa Vida Desmoronou mas quando abro os olhos o armário de Devon está olhando para mim e por isso escorrego do sofá e engatinho até ele e puxo o lençol pela barra e empurro para baixo do armário e entro nesse peito oco e vazio e imagino que sou o Coração. O Coração de Devon."

Caitlin faz terapia na escola e é no diálogo dela com a terapeuta que podemos compreender um pouco da sua estória. Ela está em uma escola de Fundamental I, e Devon estudava em outra escola, de Fundamental II; um dia entrou um atirador, que matou algumas pessoas, inclusive Devon. Todo esse sofrimento acaba refletindo no comportamento da menina, já que ela não tem muito controle de suas emoções.

Um dia, ouvindo o noticiário, Caitlin ouve a palavra "desfecho", e chega a conclusão de que esta é a chave para acabar com o sofrimento do pai.

"Procuro a palavra desFEcho no Dicionário e ele diz: A vivência da conclusão emocional de uma situação de vida difícil como a morte de um ente querido."

"Passarinha" foi um dos livros mais emocionantes que já li, a simplicidade e a inocência com que é narrado é o que faz dele tão especial. Não é só sobre uma menina com autismo, é sobre uma família e uma comunidade inteira que foram afetadas por um ato insano de um atirador. Claro que não teremos detalhes de como ou porquê tudo aconteceu, mas o clima da leitura é muito pesado, muitas vezes pelo o que não é dito. Espero que todos tenham a oportunidade de um dia ler este livro.