[Resenha] Um lugar bem longe daqui | Delia Owens

Um lugar bem longe daqui

Autor(a): Delia Owens
Editora: Intrínseca
Páginas: 336
Resenha por: Viviane

Avaliação: 5/5
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Sinopse: Por anos, boatos sobre Kya Clark, a "Menina do Brejo", assombraram Barkley Cove, uma calma cidade costeira da Carolina do Norte. Ela, no entanto, não é o que todos dizem. Sensata e inteligente, Kya sobreviveu por anos sozinha no pântano que chama de lar, tendo as gaivotas como amigas e a areia como professora. Abandonada pela mãe, que não conseguiu suportar o marido abusivo e alcoólatra, e depois pelos irmãos, a menina viveu algum tempo na companhia negligente e por vezes brutal do pai, que acabou também por deixá-la.

Anos depois, quando dois jovens da cidade ficam intrigados com sua beleza selvagem, Kya se permite experimentar uma nova vida - até que o impensável acontece e um deles é encontrado morto.

Ao mesmo tempo uma ode à natureza, um emocionante romance de formação e uma surpreendente história de mistério, Um lugar bem longe daqui relembra que somos moldados pela criança que fomos um dia e que estamos todos sujeitos à beleza e à violência dos segredos que a natureza guarda.

Resenha: No início do livro (1952), Kya é uma garotinha de apenas seis anos, que mora em um brejo, perto de rios e do mar, e tem mais quatro irmãos, todos mais velhos, além da mãe e do pai, que é alcoólatra e agride todo mundo. Um dia a mãe de Kya cansa de apanhar e vai embora, deixando os cinco filhos para trás; não tarda aos três mais velhos fugirem também, restando só Kya e Jodie, que é alguns anos mais velho, mas que um dia aparece de olho roxo e se vai também.

"Kya quis gritar que podia ser nova, mas não era burra. Sabia que Pa era o motivo pelo qual todos partiam; o que não entendia era por que ninguém a levava junto."

Kya precisa se virar praticamente sozinha, já que o pai pouco aparece em casa. Pa, como ela o chama, é veterano de guerra, e recebe um pequeno auxílio do governo pelos serviços prestados; todas as semanas ele dá à garota $ 1,50 para ir à cidade, que fica a vários quilômetros, fazer compras.

Um dia aparece uma assistente educacional e leva Kya para a escola, mas a garota vai apenas um dia, sente-se humilhada e nunca mais volta; a mulher vai procurá-la várias vezes, mas Kya sabe muito bem como se esconder no brejo.

Outro dia a garota sai com o barco do pai e encontra Tate, um amigo de Jodie, um pouco mais velho que ela. Os dois ficam amigos, o tempo passa e o garoto ensina ela a ler.

A garota é apaixonada pela natureza e pelo brejo em que vive, está sempre coletando materiais, como penas, folhas, conchas e insetos, e cataloga tudo, com desenhos feito por ela. Depois que ela aprendeu a ler, Tate levou-lhe muitos livros, e a garota pôde estudar e aprender ainda mais.

Chega então o dia de Tate ir para a faculdade; os dois já estão namorando, e ele promete voltar, mas nunca volta, e Kya acaba se envolvendo com outro rapaz, pouco confiável.

Os capítulos são narrados alternando as datas, e em 1969 um corpo é encontrado no brejo; pareceria suicídio, se não estivesse tudo tão bem limpo e sem pegadas ao redor dele. As poucas pistas apontam Kya como a assassina, e a jovem, agora com vinte e poucos anos, terá que provar que não é ela a culpada.

Muitas coisas acontecem na vida de Kya, as quais não quero contar para não dar spoiler, mas é uma obra linda, encantadora, cheia de detalhes da natureza. Uma estória de solidão, superação, amor, amizade e volta por cima, mas, acima de tudo, sobrevivência. Kya sofreu todo tipo de preconceito e discriminação e, ainda assim, venceu na vida, tendo o apoio de pouquíssimas pessoas. A gente sente raiva de todo mundo, principalmente da mãe, por tê-la abandonado. O final deixa espaço para o leitor tirar as próprias conclusões; eu gostaria que tivesse sido mais explícito, mas deu para entender, só que sem muitas explicações.