[Resenha] A nuvem (scythe #2) | Neal Shusterman

A nuvem

Autor(a): Neal Shusterman
Editora: Seguinte
Páginas: 496
Resenha por: Viviane

Avaliação: 5/5
Compre: Americanas / Editora

*Livro cedido pela editora para resenha


Sinopse: Sétimo mandamento: não matarás nenhum ceifador além de ti.

Em um mundo perfeito em que a humanidade venceu a morte, tudo é regulado pela incorruptível Nimbo-Cúmulo, uma evolução da nuvem de dados. Mas a perfeição não se aplica aos ceifadores, os humanos responsáveis por controlar o crescimento populacional. Quem é morto por eles não pode ser revivido, e seus critérios para matar parecem cada vez mais imorais. Até a chegada do ceifador Lúcifer, que promete eliminar todos os que não seguem os mandamentos da Ceifa. E como a Nimbo-Cúmulo não pode interferir nas questões dos ceifadores, resta a ela observar.

Enquanto isso, Citra e Rowan também estão preocupados com o destino da Ceifa. Um ano depois de terem sido escolhidos como aprendizes, os dois acreditam que podem melhorar a instituição de maneiras diferentes. Citra pretende inspirar jovens ceifadores ao matar com compaixão e piedade, enquanto Rowan assume uma nova identidade e passa a investigar ceifadores corruptos. Mas talvez as mudanças da Ceifa dependam mais da Nimbo-Cúmulo do que deles. Será que a nuvem irá quebrar suas regras e intervir, ou apenas verá seu mundo perfeito desmoronar?

Resenha: Por ser o segundo livro de uma série, esta resenha pode conter spoilers, mas nada exagerado. Para ler a resenha do primeiro livro da série, "O ceifador", clique aqui.

Como já era de se esperar, nenhum de nossos protagonistas é "coletado" no final do primeiro livro; Rowan foge com a ajuda de Citra e alguém que o rapaz jamais imaginaria que pudesse ajudá-lo, mas essa fuga terá consequências e ninguém, nem a Nimbo-Cúmulo, pode saber do seu paradeiro.

Eis que algum tempo depois da fuga do aprendiz rebelde surge um ceifador justiceiro, que mata aqueles ceifadores que estão coletando por prazer e usando métodos dolorosos. Esse ceifador justiceiro é chamado de ceifador Lúcifer e tem sido o pesadelo dos ceifadores corruptos.

Quando Xenócrates, a autoridade máxima dos ceifadores, pede uma posição da Nimbo-Cúmulo, a mesma, através de um representante - já que ela é virtual -, diz que é contra a lei meter-se nos assuntos da Ceifa, mas interiormente agradece por alguém estar fazendo a coisa certa e decide fazer "vistas grossas".

"No entanto, a lei é clara: em nenhuma circunstância posso agir contra a Ceifa. Antes eu fosse capaz de violar a lei, pois interviria e reprimiria as trevas, mas é algo que não posso fazer. A Ceifa governa a si mesma. Por bem ou por mal. Há porém, aqueles dentro da Ceifa que podem fazer o que eu não posso..."

Citra torna-se uma ceifadora justa, seu nome agora é Anastácia. O método de coleta dela consiste em dar um mês para que seu escolhido prepare-se, despeça-se dos familiares e, ainda, que escolha a forma como quer ser "coletado"; isso desagrada a Ceifa e faz com que a vida da ceifadora corra perigo, mas, por outro lado, a Nimbo-Cúmulo orgulha-se das atitudes e da virtude de Citra/Anastácia.

"Eu gostaria de guiá-la, mas, como é uma ceifadora, não posso interferir. Só vou observá-la voar ou cair. Como é frustrante ter tanto poder sem conseguir usá-lo quando importa!"

Novos personagens entram na trama, como Greyson, um jovem negligenciado pelos pais que tem na Nimbo-Cúmulo uma amiga mais próxima e, de uma forma não oficial, acaba ajudando a Nimbo a proteger Anastácia. A Nimbo-Cúmulo não pode interferir na forma como a Ceifa atua, mas concorda com a maneira que Citra age. No final, o que fica em aberto para o terceiro livro, mostra que Greyson será muito mais importante do que imaginávamos. Outro personagem que chega sem pretensões é Tyger, amigo de Rowan, dos tempos em que o garoto era "normal", mas o reencontro dos dois não irá acabar bem, principalmente para Tyger.

Esse volume foi muito mais intenso e eletrizante que o primeiro. A sociedade, que mostrava-se tão evoluída a ponto de não haver mortes, pobreza ou criminalidade, acabou por ser corrupta e ter ceifadores, como Goddard - que aparentemente tinha morrido, mas voltou ainda mais impiedoso -, que só pensam no poder e em si próprios. O primeiro livro era mais focado nos ceifadores e foi através de seus diários que começamos a entender como tudo mudou; nesse segundo livro o destaque é para a Nimbo-Cúmulo, a inteligência artificial do novo mundo, mas que por diversas vezes cheguei a sentir que ela tinha sentimentos, talvez no último livro eu descubra que ela não era tão virtual assim... Aguardemos!

"Não sei por que anseio ser mais do que sou - mas sei por que fui criada. Não deveria ser o bastante? Sou a protetora e a pacificadora, a autoridade e a companheira. Sou a soma de todo o conhecimento, sabedoria, experiência, triunfo, derrota, esperança e história da humanidade. Sei tudo o que é possível saber, e isso está se tornando cada vez mais insuportável. Porque não sei quase nada."

Posso garantir que, dessa vez, o segundo livro conseguiu ser ainda melhor do que o primeiro; muito deve-se ao crescimento pessoal dos personagens Citra e Rowan, que lá no primeiro livro começaram como adolescentes normais e nesse segundo livro mostraram-se maduros, honestos e leais.