Resenha: No. 1643 - Fochetto Junior

No. 1643

Autor(a): Fochetto Junior
Editora: Chiado
Páginas: 109
Resenha por: Viviane
Nota: 4/5
*Livro cedido pelo autor para resenha




Sinopse: "Que língua é essa, que tornada escrita, registro literário, continua ecoando em nossa mente, em nosso coração? Que se descortina sem se deixar ouvir por completo? Que papo é esse? Que língua é essa? Que história é essa? Onde se passa? Em que ano?"

Resenha: Eu, uma leitora acostumada com narrativas e desacostumada com casos mais complicados, em que a estória vai alternando o passado e o presente dos personagens ou mudando o narrador, recebi o livro "No. 1643", que me tirou da minha zona de conforto. Portanto, tentarei passar a vocês o pouco que entendi dessa estória...

A estória é escrita em forma de diário; nem sempre os capítulos são coerentes com o tema central. A narrativa fica por conta de uma personagem sem nome, que volta ao prédio onde morava a "Falecida", ex namorada de W. (eu acredito que W. seja o autor, que se chama Wellington). Lá a narradora passa a ver o apartamento de modo diferente, como se tivesse mudado desde a última vez que W. esteve lá, como se fosse um labirinto, onde surgiam cômodos antes não vistos, a narradora chega até a citar uma realidade paralela quando começa a ver uma mulher de preto com quem tenta contato, mas parece ser ignorada ou nem ser vista/ouvida pela tal mulher que, nas vezes em que aparece, simplesmente some.

"Aqui é outro mundo. O mundo não conhece esse mundo - ninguém o conhece, meu Pai Amado. Ninguém."

Por diversas vezes o autor citou o filósofo Dostoievski, chegando até a inclui-lo na narrativa, como se fosse o próprio autor; então talvez seja com inspiração nesse tipo de escrita que partes do diário foram profundas para o escritor, mas um tanto vagas para mim.

"Cansei de pessoas mortas - dessas que vivem por aí."

O livro é muito autobiográfico; o autor escreve o que está sentindo no momento, mas como eu não sei o que ele sentia, vários capítulos acabei por não entender. O fato de ele ter usado uma personagem feminina e não ter dado nome a ela me fez pensar que talvez seja o lado feminino dele que volta no passado para ver onde errou em seu relacionamento.

"Eu? Quem sou? Estranho-me a mim mesma. Há vezes em que não sei dizer se sou mulher ou homem - nenhuma conotação de orientação sexual -: sinto-me um espírito - apenas um espírito."

O livro não teve um final, uma conclusão, portanto eu, que já sou meio lenta, nesse livro parei. Infelizmente não consegui fazer uma boa resenha, pois este livro foi um desafio para mim. Se você gosta de desafios, aqui está a leitura ideal. Se alguém já leu a obra, por favor, me diga o que achou...