[Resenha] O diário bipolar | Manoela Serra

O diário bipolar

Autor(a): Manoela Serra
Editora: Autografia
Páginas: 120
Resenha por: Viviane

Avaliação: 5/5
Compre: Americanas / Buscapé / Editora
*Livro cedido pela editora para resenha



Sinopse: Este livro é emocionante, real e inovador em sua forma de abordar o assunto central, que é o Transtorno Bipolar do Humor e Transtornos Afetivos: a Depressão, a Ansiedade e, em especial, a Síndrome do Pânico. A obra conta histórias de vida da autora, sendo elas todas voltadas para os assuntos em questão, não desviando dos temas principais, falando das situações em que os transtornos afetaram fases, eventos e situações da sua vida. A autora crê que, falando sobre seus sintomas e suas histórias, tocará o coração de vários outros que se encontram, exatamente, onde ela já esteve e está agora. E, também, ao colocar a visão dela ao final de cada história, os auxiliará a ver da mesma forma que ela. Que os transtornos nos derrubam, mas, também, cabe a nós levantarmos depois, ou não. A sua filosofia de vida: pedir ajuda sempre (Não somos uma ilha), sorrir sempre (A vida fica mais leve!), dialogar sempre (Não guarde nada que te adoece), e sempre, tentar ao máximo, se amar! (Você é a sua maior companhia, seja seu melhor amigo!).

Resenha: Quando este livro chegou e a Larissa, minha filha e "chefa" do blog, leu a sinopse, disse que tinha que ser eu a ler, que era a minha cara; eu diria que lembra um pouco.

O livro é uma autobiografia; Manoela enfrentou desde criança os distúrbios da bipolaridade, em uma época que nem se ouvia falar nessa doença. Na infância, assim como eu, Manoela sofreu com as estórias que ouvia e que a deixavam impressionada e com medo: ela, eram os ETs; eu, eram os chupa-cabras. Outra coisa que causava pânico nela era ficar grávida; creio que ela, assim como eu, não sabia como uma moça podia engravidar, mas todo mundo falava mal de jovens solteiras que ficaram grávidas, então dava medo até de ficar do lado de um garoto.

Manoela tem uma irmã gêmea, e as comparações eram inevitáveis, principalmente porque a irmã era boa em tudo, e Manoela era a esquisita. Teve uma passagem no livro que a autora conta que se dedicou muito para uma competição em que estava em uma equipe, e sua irmã na outra. Manoela se dedicou muito e conquistou o segundo lugar, mas a irmã tirou primeiro, então ao ir correndo contar para a mãe de sua conquista, a mãe pediu que esperasse.

"Corri para a minha mãe, e minha irmã estava a seu lado, e gritei mais do que alegre, cheguei em segundo, mãe! Cheguei em segundo!, com lágrimas nos olhos. Minha mãe, que olhava o placar somente, agarrou o braço da minha irmã e falou: espera que sua irmã chegou em primeiro, e me deixaram para trás."

Quando a adolescência chegou, as coisa pioraram um pouco, pois Manoela passou a ter crises de raiva e chegava a agredir fisicamente a irmã, só que nestes surtos nossa protagonista tinha lapsos de memória e lembra de poucas coisas. Essas crises começaram a ficar frequentes e acontecer em qualquer lugar, inclusive na escola, o que fez com que Manoela começasse a isolar-se, tanto que já nem saía mais e, em casa, não ficava na sala com a família.

Foi só no ano de 2000, com quinze anos, que Manoela teve coragem de contar a sua mãe o que estava sentindo e com ajuda de uma tia, que já tinha sofrido com depressão, foi que a jovem começou a ser tratada. Naquela época, não tínhamos acesso a informações online como temos hoje, então foi um baque para a mãe saber que sua filhinha sofria tanto. Como não sabiam muito o que fazer, levaram Manoela a um clínico geral, nessa época, tudo a fazia chorar, e foi o que ela fez na frente do médico, que a encaminhou para um psiquiatra. Inicialmente foi diagnosticada com depressão profunda, já que a bipolaridade é de difícil diagnóstico durante a adolescência. Começaram os remédios e as troca deles, até ajustar o tratamento. Os efeitos colaterais eram muitos, inclusive tonturas, enxaquecas, vômitos e gastrite. Mais tarde, uma psiquiatra indicada por uma amiga diagnosticou Manoela corretamente; ela precisou ficar três semanas sem os remédios atuais para começar o novo tratamento, que em pouco tempo já surtiu o efeito esperado e nossa protagonista pôde começar a ter uma vida normal.

Mas as lembranças de Manoela não foram sempre ruins, ela passou bons momentos ao lado dos animaizinhos de estimação, da mãe e da irmã que sempre a apoiou e ajudou incondicionalmente, mesmo nas piores fases da doença.

Uma pessoa com transtorno bipolar passa por diversos humores: numa época está triste, extremamente depressiva, em outra está feliz, eufórica e impulsiva e logo fica com raiva de tudo e de todos, só esperando um motivo para brigar. Normalmente cada fase dura dias, semanas e até meses, mas Manoela chegava a vivenciar estas mudanças em um dia só, e ela não aguentava mais isso, chegando diversas vezes a pensar em acabar com a própria vida, poupando, assim, tanto ela quanto sua família.

Este livro é uma espécie de desabafo. Manoela leu alguns livros onde o protagonista tinha distúrbios de bipolaridade, e nos casos que o personagem era masculino, era meio que romantizado e sempre tinha um final feliz; no caso de personagens femininas, eram descritas como loucas e psicopatas. A ideia do livro surgiu para que pessoas como Manoela pudessem ler, realmente se identificar e acima de tudo, entender exatamente como uma pessoa com bipolaridade se sente.