23/09/2019

[Resenha] Noite outra vez | Alana Gabriela

Noite outra vez

Autor(a): Alana Gabriela
Editora: Amazon
Páginas: 240
Resenha por: Larissa
Avaliação: 4/5
Compre: Amazon

*E-book cedido pela autora para resenha


Sinopse: Até que as estrelas apareçam ou que seja dia.

Depois de se machucar em um acesso de raiva, Caleb passou a evitar o piano, submergindo em dias cada vez mais nebulosos e tão escuros quanto a noite. Para evitar um novo acidente, ele se refugia na casa do avô. Mas mais do que qualquer coisa Caleb quer esconder a verdade violenta por trás do que o fez parar de tocar.

Acostumada a ideia de que é uma decepção para seu pai, Gris Stewart tenta se afastar dos sentimentos ruins assistindo a vida através das fotos que costuma tirar. Mas nem sempre é possível, muitas vezes é noite em seus dias. Todos os seus problemas estão ligados a um único evento: o dia do seu nascimento. Há muitas palavras escondidas, verdades não ditas e fantasmas do passado que ela não tem certeza poder lidar.

Os caminhos dos dois adolescentes se cruzarão na bela e tranquila cidade no interior da Inglaterra, e eles precisarão decidir entre o caminho da verdade ou do silêncio, da noite ou do dia para seguirem em frente. Noite outra Vez narra uma sinuosa trilha de recomeços, autoconhecimento e amizade.

Resenha: Caleb Hughes sempre amou tocar piano, fazia - sim, no passado - isso tanto pelo prazer de tocar quanto para preencher o silêncio da sua casa nas tardes em que ficava sozinho. Porém, após um acesso de raiva, que rendeu ao garoto um dedo quebrado, ele parou de tocar; mesmo quando já era capaz de voltar a fazer o que tanto gostava, Caleb ainda tinha medo de errar e ver que tornou-se ruim ou incapaz de fazer aquilo que sabia e amava.

"Eu definitivamente me sentia inseguro, não a quanto saber tocar, isso eu sabia bem, minha insegurança estava mais relacionada a ter certeza se eu voltaria a tocar como antes, sem falhas, sem erros, como antes, como eu podia e sabia. Esse medo poderia parecer estúpido, mas era o que eu sentia e experimentava todos os dias."

Gris Stewart tem um passado sombrio que deixou marcas nela até hoje, e uma dessas marcas, a mais visível talvez, é a escolha pela mudança de nome - o seu nome verdadeiro é Grace (graça), porém ela prefere ser chamada de Gris (cinza). A garota é bem fechada com todos, inclusive com seu pai, que é com quem ela mora, e ao mesmo tempo em que quer pôr tudo para fora, acaba preferindo guardar para si.

Paralelamente à estória dos dois protagonistas, vamos conhecer a estória do avô de Caleb, um refugiado de guerra. Hoje ele está cego e vive somente com a cuidadora, sem ninguém da família, e sente-se bastante sozinho. Então ele pede a Caleb que vá na sua casa depois da escola em dias alternados, para que o neto leia para ele uma história que ele escreveu, a sua história, contada desde quando era pequeno e viu seu pai sendo morto na sua frente e teve então que fugir levando consigo somente sua irmã mais nova.

A autora frisa bastante a importância de guardarmos - seja da forma que for - as nossas memórias e as honrarmos sempre. Gris faz isso com sua câmera, já que ama fotografar coisas e momentos; Caleb faz/fazia isso com sua música; já o avô de Caleb faz isso escrevendo, deixando registrado sua história para que todos saibam e jamais a esqueçam. Eu achei isso muito bacana.

"Enquanto pedalava, pensei sobre como cada um tinha sua forma distinta de registrar a vida. Meu avô - antes da cegueira - costumava inventar e escrever histórias; minha mãe registrava a realidade com números e notas; a novata tirava fotos; e eu tocava e criava música. Mas havia um tempo que não fazia isso, então a minha prática estava enferrujada."

Engana-se quem pensa que por termos dois protagonistas machucados pelo passado eles irão acabar tendo um romance - eu enganei-me feio. Tanto Caleb quanto Gris têm segredos, segredos que não contam nem para os próprios pais, segredos que gostariam que alguém soubesse, mas ao mesmo tempo não querem contar para ninguém. Caleb esconde de seus pais o que o fez quebrar o dedo e então parar de tocar, enquanto Gris esconde o porquê de querer ser chamada assim. E esse é o foco do livro quanto a esses dois protagonistas: a importância de falarmos para alguém o que está acontecendo ou o que aconteceu conosco, pois guardar isso para a gente pode acabar sendo bem pior.

"Preciso que queira saber, sussurrei para mim mesma com lágrimas nos olhos. Porque no fundo eu queria que ele soubesse e me salvasse disso."

Além dessa questão de falarmos o que está acontecendo, tem ainda outro tema que é bem trabalhado na obra e que tem um grande foco: a questão dos refugiadas e, principalmente, o que acontece na travessia, já que nem todos conseguem escapar ilesos. Eu nunca tinha lido um livro com essa temática inclusa, e confesso que fiquei chocada por saber os horrores que acontecem. Na nossa realidade isso não é uma coisa frequente, e saber que outros lugares passam direto por isso é aterrorizante - é claro que a gente vê isso na televisão direto, porém ler, entrar no personagem e "sentir" tudo é bem diferente.

Foi uma leitura sem dúvidas tocante, emocionante e "tapa na cara". Eu adoro ler livros nos quais os protagonistas têm segredos, marcas do passado, mas a Alana trouxe muito mais que isso nessa obra; trouxe, além da estória principal, temas importantíssimos para refletirmos. A superação dos personagens quanto aos seus "fantasmas" foi muito singela, nada forçado, como acontece em algumas estórias. Leitura super indicada!

12 comentários:

  1. Ainda não conhecia o livro e fiquei empolgada com seus elogios e também porque adoro livros "tapas na cara". Gosto desta coisa dos segredos e já me imagino devorando este livro.
    Beijos

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  2. Venho lendo ótimas resenhas sobre este novo livro da Alana. O que mais chama minha atenção é a mensagem que a história passa, sobre os males de guardarmos todas as nossas dores dentro da gente. É super importante termos alguém, nem que seja uma única pessoa, em quem possamos confiar e dividir nossos problemas e dores. A questão dos refugiados é importantíssima e super atual também?

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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  3. Olá, tudo bem?

    Não conhecia essa obra e nem a autora. Gostei muito da premissa, livros que trazem reflexões e "tapas na cara" são muito bons. Gosto de livros assim. Vou anotar a dica, e espero ler em breve. Por não ser muito grosso, deve ser devorado em pouco tempo.

    Beijos

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  4. Olá!

    Se eu te falar que fiquei com um pé atrás com o Caleb por conta desse acesso de raiva dele, você acredita?
    Em contrapartida, eu adorei o fato da autora não ter criado um romance entre eles, foge totalmente do clichê que temos ultimamente.
    Se eu tivesse a oportunidade de realizar a leitura, eu o faria, mas sem muitas expectativas.

    www.pactoliterario.blogspot.com.br

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  5. AAAAA! Eu fui leitora beta desse livro e adorei!!! Fico feliz que tenham curtido a leitura porque esse livro tem uns temas bem delicados
    Beijos
    Balaio de Babados

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  6. Oi Larissa.
    Eu já amei de cara a capa desse livro, e quando você disse que não tem desenvolvimento de um romance eu fiquei de boca aberta. Gostei bastante do enredo e do que é tratado na história, sua resenha me deixou bem curioso pra lê-lo. Adoro esses livros que tem histórias que dão vários tapas na nossa cara.
    Abraço.

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  7. Oi, tudo bem? Ah que indicação mais interessante. Primeiro pela ambientação. Quando li interior da Inglaterra já fiquei curiosa para saber mais sobre o enredo. Sempre leio suspenses britânicos mas romance quase nunca. Então já anotei sua indicação. Um abraço, Érika =^.^=

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  8. Olá!!!
    Eu não conhecia o livro e nem a autora, mas achei muito interessante a forma dela narrar mostrando a importância de guardarmos nossas lembranças do nosso jeito. É um livro parece que emocionante e que fez eu pensar em dar uma chance ao mesmo.
    Adorei a resenha ^^

    lereliterario.blogspot.com

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  9. Gostei da premissa do livro, ainda mais tratando um tema real como as dificuldades encaradas pelos refugiados, curioso tbm com os segredos dos protagonistas!!

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  10. Oi, tudo bem?
    Ainda não conhecia esse livro, mas fiquei bem intrigada com ele. Até porque adoro livros com personagens com marcas do passado e segredos. Já coloquei na minha longa lista de desejados, e assim que der irei lê-lo.

    Beijos.

    Books and Movies
    www.booksandmovies.com.br/

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  11. Olá, tudo bom?
    Li um livro da Alana certa vez e me encantei por sua forma de nos contar histórias e surpreender. Fiquei super curiosa em relação a este livro e sua premissa. Adorei essa abordagem sobre registrar nossas memórias e a importância de se falar aquilo que nos faz mal, de encontrar as palavras para dizê-lo. Outro ponto que chamou minha atenção foi a questão dos refugiados que é abordada.
    Anotei a dica e espero poder ler em breve!
    Beijos!

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  12. Refugiados, odeio esse nome, acho que nenhum pais deveria ter uma divisão e todo mundo deveria poder viver tranquilo no local onde nasceu, mas infelizmente é só um sonho utópico porque cada dia mais pessoas tem que fugir da sua terrar por ignorar de outras pessoas, fique curiosa com esse livro por falar sobre guerra, fuga e pessoas com segredos.

    wwww.coisasdemineira.com

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