15/11/2019

[Resenha] O menino no alto da montanha | John Boyne

O menino no alto da montanha

Autor(a): John Boyne
Editora: Seguinte
Páginas: 230
Resenha por: Larissa
Avaliação: 5/5
Compre: Amazon




Sinopse: Quando fica órfão, Pierrot é obrigado a deixar sua casa em Paris para recomeçar a vida com sua tia Beatrix, governanta de uma mansão no alto das montanhas alemãs.

Porém, essa não é uma época qualquer: estamos em 1936, e a Segunda Guerra Mundial se aproxima. E essa tampouco é uma casa qualquer - seu dono é Adolf Hitler.

Logo Pierrot se torna um dos protegidos do Führer e se junta à Juventude Alemã. Mas o novo mundo que se abre ao garoto fica cada vez mais perigoso, repleto de medo, segredos e traição.

Resenha: Quem gosta de ler livros sobre a Segunda Guerra Mundial provavelmente já leu diversos livros que mostravam o lado dos judeus, de como eles foram arrastados pelos alemães para os campos de concentrações, mas quantos livros vocês já viram/leram que mostram o lado dos nazistas? Pior ainda, de alguém que viveu por diversos anos debaixo do teto do próprio Hitler? Pois é exatamente isso que encontramos em "O menino no alto da montanha".

Pierrot Fischer não teve uma infância fácil; quando o menino tinha apenas quatro anos, ele perdeu seu pai, Wilhelm Fischer - um alemão ex soldado da guerra -, que morreu sob um trem, e, alguns anos depois, em 1936, o garoto perdeu sua mãe, Émilie Fischer - francesa -, que morreu de tuberculose.

Após ter perdido seu pai e sua mãe, Pierrot, com apenas sete anos de idade, é mandado pela mãe de Anshel Bronstein, seu melhor amigo, para o orfanato das irmãs Simone e Adèle Durand, em Orléans. Tão logo chegou ao orfanato, Pierrot passou a ser alvo da zoação de rapazes mais velhos que ele. Sua única amiga era Josette, com quem ele conversava e passava a maior parte do tempo.

Quando Beatrix, tia de Pierrot por parte de pai, descobre que os pais do garoto morreram e ele está em um orfanato, envia uma carta para lá, pedindo que ele vá morar com ela em Obersalzberg, numa casa no alto de uma montanha, na qual trabalha de governanta. Mal sabia Pierrot que a casa na qual ele estava prestes a ir morar era de ninguém menos que o próprio Hitler...

"Pierrot se lembrou das instruções que tia Beatrix dera inúmeras vezes e tentou segui-las à risca. Endireitou a postura, juntou os pés e bateu os calcanhares uma vez, rápido e fazendo barulho. Estendeu o braço direito pouco acima da altura do ombro, os cinco dedos esticados. Por último, bradou, na voz mais clara e confiante que conseguiu, as duas palavras que ensaiara vez após vez desde sua chegada a Berghof.
- Heil Hitler!"

Logo que nosso protagonista chega em Berghof, casa do Hitler, Beatrix muda o nome de Pierrot para Pieter, para que pareça mais alemão e menos francês, e pede que o garoto não comente absolutamente nada sobre seu passado na França na presença do Führer (Hitler), principalmente se for sobre Anshel, seu melhor amigo judeu.

"É melhor você não falar nada sobre seu passado. Mantenha as memórias na cabeça, mas não fale sobre elas."

Surpreendentemente, Hitler e Pierrot - agora Pieter - tornam-se grandes aliados e companheiros um do outro. O Führer pouco fica na sua casa no alto da montanha, mas quando vai para lá passa boa parte do seu tempo junto com Pieter, conversando sobre história e política, principalmente sobre como eles precisam defender seu país.

Em uma de suas idas à casa da montanha, Hitler presenteia Pieter com um uniforme da Juventude Alemã, que o garoto deve usar sempre. Pieter passa então a sentir-se ainda mais importante, o que faz com que ele fique cada vez mais patriota e com pensamentos semelhantes ao do líder do Partido Nacional-Socialista. O garoto acha o máximo morar na casa de alguém tão importante e ser, ainda, um grande amigo dele, mas só mais tarde é que ele irá descobrir as consequências de suas escolhas...

"Pierrot concordou com a cabeça. Ele tinha parado de pensar em si mesmo como francês; agora finalmente mais alto e com os dois novos uniformes da Juventude Alemã que ganhara para acomodar os braços e as pernas mais compridos, começara a se identificar como alemão. Afinal, como o Führer tinha dito, um dia toda a Europa pertenceria à Alemanha e identidades nacionais não teriam mais relevância."

Como eu já esperava, o livro é incrível e deixou-me ainda mais maravilhada com a escrita do John Boyne. Eu já li diversos livros com esse tema, mas nunca tinha imaginado poder ler um livro com um ponto de vista de alguém tão próximo do Hitler. É muito angustiante ver Pieter afeiçoando-se ao Hitler e, mais que isso, tornando-se praticamente igual a ele, de tanto que o admirava, e o pior de tudo e que a gente acaba entendendo o lado dele, já que ele é só uma criança que tem um exemplo como esse dentro da própria casa. Gostaria que todos tivesse a oportunidade de ler esse livro, pois vale muito a pena.

11 comentários:

  1. Olá...
    Adorei sua resenha!
    Fiquei com muita vontade de ler esse livro, os fatores que compõe o enredo parece tornar a leitura sublime... Gostei bastante de seus comentários! Sou uma grande admiradora do John Boyne, já li vários de seus livros e tenho certeza que vou amar esse também!
    Dica anotada!
    Bjo

    http://coisasdediane.blogspot.com/

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  2. Olá, tudo bem? Eu ainda não li nenhuma obra do autor, mas espero ler em breve pois sempre vejo comentários positivos sobre sua escrita.
    Esse já vai para a lista pois amei a resenha!
    Um beijo.

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  3. Eu amo histórias sobre a Segunda Guerra e esse ano tive o enorme prazer de ler duas delas! Ainda não li nada do autor, mas a premissa pareceu ótima e fiquei bem curiosa!
    Obrigada pela dica!
    Beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  4. Olá! Eu amo a escrita desse autor e livros em geral sobre guerras. Esse está em minha lista, mas sua resenha me deixou ainda mais curiosa pela leitura! Deve ser mesmo maravilhoso observar tudo pelos olhos de uma criança (como é típico do autor) e eu fiquei interessada em saber como seria morar na mesma casa que Hitler, na visão e Pierrot! Vou ler para saber! Beijos! Karla

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  5. Oi, Larissa!
    Do John Boyne, já li O Menino do Pijama Listrado e A casa Assombrada. O primeiro é excelente, mas o segundo achei muito fraquinho.
    Quero ler outros livros dele, mas tenho a impressão que a sua melhor qualidade é escrever sobre a Segunda Guerra Mundial, como é o caso desse.
    Já tinha visto a capa dele, mas não sabia do que se tratava. Agora lendo a sua resenha, achei a premissa muito interessante. Já coloquei na minha lista.
    Excelente resenha!
    Bjss

    http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/2019/12/resenha-mulher-com-olhos-de-fogo-um.html

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  6. Eu acredito que não conseguiria ler esse livro. Não tenho estômago para ver como Hitler influenciou essa criança e como o menino ficou parecido com ele. Seria insuportável, sobretudo porque hoje mesmo terminei de ler "A Rosa Branca", livro de não ficção sobre estudantes universitários alemães executados pelo nazismo, por se atreverem a distribuir panfletos no intuito de conscientizar outros alemães das mentiras e crueldades de Hitler. Depois de ter lido esse livro eu de modo algum conseguiria ler "O menino no alto da montanha". Mas confesso que fico me perguntando como essa história termina, se o menino vai abrir os olhos quando mais velha e perceber de que tipo de monstro ele se tornou amigo.

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  7. Olá, tudo bem ?
    Gosto muito da temática da Segunda Guerra, por mais que me deixe abalada. Sou louca para ler esse livro, mas ainda estou esperando a hora certa. Já tive a oportunidade de conhecer a escrita do autor e gostei bastante e sei que ele não decepciona em suas narrativas.

    Adorei sua resenha.

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  8. Eu sou louca pelo Boyne e amo todos os seus livros. Esse aqui em especial me fisgou por termos um protagonista imperdeito e que não vamos admirar o tempo todo, mas com certeza vamos entender suas motivações.
    Beijos

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  9. Oi, tudo bem?
    Eu sempre vejo as pessoas elogiando muito os livros do autor, mas ainda não tinha visto nenhuma resenha sobre esse livro. Sem dúvida, é uma perspectiva interessante e muito diferente do que estamos acostumados a ver. Confesso que acho até um pouco perturbador o menino se tornar amigo e se inspirar em Hitler, mas mesmo assim acredito que deve ser uma leitura interessante. O único motivo que me desanima é que meu único contato com a escrita do autor foi bem mais ou menos, o que tirou meu interesse em ler outros.
    Mas, de qualquer forma, adorei conferir sua resenha e fico feliz que tenha gostado da leitura.
    Beijos!

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  10. Do autor eu li apenas O menino do Pijama Listrado e foi bem triste. Não tive coragem de pegar outro livro dele, mas gostei muito da sua resenha e a premissa desse livro. Quem sabe?
    bjos
    Lucy - Por essas páginas

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  11. Ótima resenha! Eu gosto de livros do gênero, são sempre leituras muito emocionantes e intensas. Vou ler com certeza e pela sua resenha acho que vou amar!

    Beijos!

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