Carrie, a estranha
Autor(a): Stephen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 296
Resenha por: Larissa
Avaliação: 5/5
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Sinopse: Carrie é uma adolescente tímida e solitária. Aos 16 anos, é completamente dominada pela mãe, uma fanática religiosa que reprime todas as vontades e descobertas normais aos jovens de sua idade. Para Carrie, tudo é pecado. Viver é enfrentar todo dia o terrível peso da culpa. Para os colegas de escola, e até para os professores, Carrie é uma garota estranha, incapaz de conviver com os outros. Cada vez mais isolada, ela sofre com o sarcasmo e o deboche dos colegas. No entanto, há um segredo por trás de sua aparência frágil: Carrie tem poderes sobrenaturais, é capaz de mover objetos com a mente. No dia de sua formatura, Carrie é surpreendida pelo convite de Tommy para a festa - algo que lhe dá a chance de se enxergar de outra forma pela primeira vez. O ato de crueldade que acontece naquele salão, porém, dá início a uma reviravolta cheia de terror e destruição. Chegou a hora do acerto de contas. Carrie, a estranha é um dos maiores clássicos de terror da literatura contemporânea e um dos livros mais aclamados de Stephen King.
Resenha: Eis aqui o primeiro livro escrito pelo aclamado mestre do terror, Stephen King, que teve suas primeiras páginas jogadas fora, mas salvas por sua esposa, que o incentivou a terminar a obra.
Carrie White é uma garota que tem dezesseis anos e mora com sua mãe, Margaret White, uma religiosa fanática, em uma cidadezinha chamada Chamberlain. Seu pai, Ralph White, morreu antes de ela nascer.
Nossa protagonista é do tipo que não se encaixa em nenhum grupo; desde o primário ela era deixada de lado e, mais que isso, zoada pelos colegas, tudo isso por ter uma mãe fervorosamente religiosa e ser, como consequência disso, um tanto estranha aos olhos dos colegas "normais". Cresceu, então, uma garota reprimida e tímida, sem amigos e muito menos namorado.
A garota estava já com seus dezesseis anos de idade quando ficou menstruada pela primeira vez, e, para piorar a situação, ela começou a sangrar na escola, enquanto tomava banho com suas colegas, as mesmas que a desprezavam e zoavam, após a aula de educação física. A menina, que nunca havia sido instruída pela mãe sobre menstruação - ou qualquer outra coisa da vida, pois tudo era pecaminoso -, acreditou estar tendo uma hemorragia.
Como era de se esperar, o acontecimento do banheiro da escola - ou o "incidente do chuveiro", como ficou conhecido - foi um agravante que aumentou ainda mais os deboches a respeito de Carrie; as meninas formaram um grupo na frente da garota e começaram a rir, gritar coisas ofensivas, ao mesmo tempo em que jogavam absorventes nela, que mal sabia o que estava acontecendo com o próprio corpo. Tudo isso despertou uma fúria adormecida por muito tempo em Carrie, desde a "chuva de pedra".
"Bem, talvez mamãe fosse uma fanática, estranha, mas pelo menos era previsível. A casa era previsível. Ela nunca chegara em casa e encontrara meninas atirando coisas aos gritos e às gargalhadas."
A partir de então Carrie começa a treinar e aprimorar cada vez mais seu poder recém descoberto - a telecinesia, que é a capacidade de mover ou exercer força sobre objetos com a mente.
"A escrivaninha ergueu-se no ar, tremeu um instante, depois subiu quase até o teto. Ela a desceu. Abaixou. Levantou. Agora a cama, com todo o peso. Para cima. Para baixo. Para cima. Para baixo. Como um elevador."
Ao longo da estória de Carrie temos trechos de um livro (ficcional) de estudo científico que trata sobre a telecinesia, e através dele podemos descobrir e aprender mais sobre o tema, o que achei bem legal. Outros textos também são intercalados com a estória principal, como artigos de jornais, trechos do livro de uma personagem, relatórios, entrevistas, etc, algo que gostei bastante, porém alguns desses trechos entregam algumas coisas que ainda não haviam sido narradas na estória - para mim não fez muita diferença, pois como eu já havia assistido ao filme, já tinha uma noção do que iria acontecer, mas pode incomodar quem não sabe nada sobre a estória.
É um livro que trata de um poder sobrenatural, sim, mas isso é apenas um pano de fundo para a estória de uma menina que tem uma vida tristíssima. Chega a ser palpável de tão cruel o sofrimento da Carrie, por todas as coisas pelas quais ela passa, tanto na escola quando em sua casa e em sua própria mente. É impossível, acredito eu, terminar o livro com um sentimento de raiva de Carrie, mesmo depois de tudo o que acontece.
Enfim, foi uma leitura bem tensa e macabra em algumas partes, mas também triste e sentimental; para quem não lê Stephen King por medo de encontrar fantasmas e monstros, pode ler esse tranquilamente, pois não dá medo, apenas deixa o leitor apavorado com certas cenas.